Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro 16, 2018

Elegia para um caixão vazio

( Título roubado ao Baptista-Bastos ) Quando eu morrer, quantas pessoas assistirão ao meu funeral? Dez ou quinze, a família e os amigos ou uma pequena multidão carpideira? - Ainda não conheci ninguém que intimamente não fizesse este auto-julgamento pré-morte. - Talvez seja de alguma estranheza, relacionar-me com pessoas assaz mórbidas e egocêntricas para pensarem nisto, ou quiçá seja eu que projecto estas ideias e depois digo que foram outras pessoas que as comentaram. Quantas pessoas me amaram, e quantas dirão que fui boa pessoa? Quantas me elogiarão o trabalho e quais serão aquelas que inevitavelmente irão dizer, em sussurros, que: " ele nada fez para conseguir aquilo que queria. Quedou-se e esperou as oportunidades. Não sabia que as oportunidades nunca nos batem à porta? Era uma morte anunciada. " Não, não sabia. É que bater em portas, lembra-me os Natais da minha infância e não posso deixar de me emocionar apenas. O meu pai costumava fazer-se passar pelo pa

Textos Devolvidos VI

O Orgulho é uma Nuvem Um dia acordarei longe do teu abraço.  Porque existir é outra coisa diferente disto que me exiges: é a surpresa da vida,  o encontro da emergência de aqui estar, o princípio bondoso do amor próprio  e também o seu maravilhoso fim.  Um dia não precisarei mais de pedir a tua mão acumulada sobre o meu destino.  Um dia serei o meu mundo próprio.  Serei assim, 
 E poderei ser livre finalmente, como as orgulhosas nuvens de outrora.  Vagueando pelo céu eterno, sem pedir permissão a ninguém. 
 Um dia serei alguém sem arrogâncias, alguém liberto de todos os cinismos,  de todos os azuis anti-naturais, tingidos. 
 Um dia serei melhor, alguém melhor! 
 Um dia acordarei longe e certo, e nesse dia serei somente a minha própria luz.  
 Que o fogo dos outros em nada me ilumina, 
  em nada me seduz. 
 Porque os dias só feitos de mãos atiradas ao vazio são a morte mais lenta de todas.  
 A morte que derrama cá dentro um sangue ôco, como um sang

Música para chorar em grupo

É a parte irada de si mesmas que as pessoas querem esconder, quando se prestam a tirar uma fotografia, e se obrigam a sorrir? E em todas as fotos que tiram estarão mesmo a sorrir como se estivessem incrivelmente felizes naquele preciso momento, ou nem por isso? Se fôssemos realmente sinceros estaríamos apenas ali, a sermos e a sentirmos aquilo que somos e como estamos. Se queremos chorar, deveríamos chorar, mesmo que todos nos digam: não chores, por favor não chores! - Choremos pois, e em grupo. Passámos todos por tristezas e frustrações, perdas e depressões e isso pede a purga do choro. Só que nada disto é aceitável. Nesta sociedade temos sempre de ser positivos, alegres e foliões. Não! Choremos todos em conjunto pelo que nos faz justamente chorar e depois talvez chegue uma palavra simples ou um abraço para nos passar o choro e quiçá começarmos o processo de resolução dos nossos problemas pessoais. Mas não riam fingidores. Não se façam de hipócritas felizes. De acomodados com o

Listas de qualquer coisa sem importância nenhuma...

Adoro quando me adoro só porque me apetece ser especial sozinho, adorável sozinho.  Tirando cinco, (5 filmes em 50) vi todos os desta lista. Acredito que mais pessoas os deveriam ver também. Seria um favor que fariam a si mesmas. Desafio classicos que as pessoas mentem que viram voce viu no maximo 7 desta lista de 50 filmes?

Confunde a Ciência

Saudades de ver boas Séries... III

"No Século 19, quem sofria de doenças mentais era considerado alienado da sua verdadeira natureza. Os especialistas que os estudavam eram conhecidos como alienistas." Nova Iorque, 1896. Uma série de horripilantes assassinatos contra crianças, assombram as ruas, tomando conta da cidade. O Recentemente nomeado comissário da polícia, Theodore Roosevelt, o psicólogo criminal Dr. Laszlo Kreizler, o seu amigo John Moore, ilustrador do New York Times e Sara Howard, a tenaz secretária do comissário, determinada a ser a primeira detective feminina da cidade, lançam-se a tentar descobrir e capturar um dos primeiros ' serial killers ' nova-iorquinos. Repleta de uma atmosfera tornada deliberadamente opaca e quase intolerante à luz, de diferentes personagens, principais ou não, caracterizados todos muito ambiguamente, esta série agarra-nos logo desde o primeiro episódio pela sensação constante de perigo iminente, de insegurança. Põe-nos em bicos de pés e isso é das

As Crónicas do senhor Barbosa XV

Tenho direito às minhas ideias embora não tenha direito à minha vida. - Sim meu amor - confabula o Senhor Barbosa de olhos postos na chuva - aquele que só se interessa pelas coisas que os outros desprezam, não tem grandes direitos. Os memoráveis momentos da minha vida foram todos poesia, cheios de vibração e delírio. Gigantes, todos eles. Mas sabes também, nenhum desses momentos foram meus. Eu não existo Madalena. São onze horas da manhã e nem me deitei, nem dormi. Ando fatigadíssimo e dói-me algo importante cá dentro. Apalpo-me todos os dias e faço exames minuciosos ao espelho. As minhas mãos não param. Logo eu que detesto espelhos. Creio que todas as funções do meu corpo continuam a trabalhar compensadas, não noto manchas ou inchaços. Havia um caroço duro na parte de baixo da bochecha esquerda, mas vim a saber que era apenas um pequeno depósito de gordura. Talvez me masturbe mais do que deveria. Porque ainda não fizemos o Amor? Li em um livro que o Amor nos liberta do egoísmo. M

Mais brutalidades a caminho

O Tumblr , que para quem não sabe ainda, também é uma espécie de rede social, em rigor mais estrito; é uma plataforma ' blogger ', dedicada quase, mas não exclusivamente, a albergar entradas de imagens (fotos, gif's, meme's, pequenos vídeos etc..), de uma forma ou de outra veio a acolher predominantemente, com o passar do tempo, uma imensidão de conteúdos variáveis desde o puro nu artístico (erótico?) à esclarecida pornografia multiversada na panóplia quase interminável de temas, fetiches e propensões que se consiga imaginar.  Gosto do bom erotismo, é como a satisfação que uma lauta refeição me traz à cabeça, acama-se fugaz na alma e delícia-nos tudo por ali abaixo, aos arrepios, faz bem, porque admite algum cuidado artístico, íntimo e pessoal, um cunho. É arte! Não é verborreia pseudo-intelectual nenhuma, quando em uma acepção mais abrangente de trabalhada manifestação artística de um autor, consegue ser exactamente isso: arte. (Ver imagens mais em baixo)

O Manuel faz Anos

O meu pai faz anos hoje. Hoje é o Octogésimo sexto aniversário do meu pai. Nada disto é tão trivial quanto vos possa parecer. As pessoas morrem por tudo e por nada hoje em dia, morrem sobretudo de desgosto, o que muitas vezes se encobre por doenças misteriosas e males indefinidos, outras, muitas mais vezes, permitimo-las chamar apenas de cancro e se revestem todas de vidas generalizadas onde um mal terrível que parece quase impossível de levar a justo combate nos termina sem própria justificação.  A minha mãe morreu em 2005 com um cancro no pâncreas, é um facto comensurável pela imensidão da sua falta medonha, a sua ausência na mesa do bolo de aniversário, do seu sorriso da alegria familiar inteira, na vastidão tremenda da exactidão malograda da sua perda ridícula. A minha mãe era um suporte basilar, o meu pai um homem da manutenção. Não disse apenas. Porque era assim. E é assim que muitas famílias felizes se constroem. Uma união de mais valias. Mas, o meu pai teve também um outro