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Mensagens

A mostrar mensagens de março 6, 2022

Mensagens do Além'Facebook

  Mal me imagino, é provável que seja apenas um Crica. Um Crica de estalo profundo quiçá, ou então um niilista hard-core desavergonhado qb, seja. Assim como assim, faz-me tremenda espécie as mensagens singelas d aquelas pessoas que escrevem nos perfis dos mortos, como se aguardassem aprovação divina do além, a validação da vida além-facebook. Portanto, eles morreram ok! é triste, eu sei. Fossem amigos, entes queridos, ou família chegada, agora estão todos livres desse fardo algorítmico que vicia como uma pedra de crack . Rezem antes um pai nosso, três Ave-Marias ou assim, se estiverem para aí virados, é capaz de resultar. Se a religião não vos contaminar como droga que agarra, ponham então uma fronha na cara e escrevam-lhes um poema elegíaco, daqueles que são sempre do Fernando Pessoa ou do Pablo Neruda. Façam festinhas ao gato enquanto fixam o olhar no horizonte de um pôr-do-sol tão belo que vos leve às lágrimas. Publiquem essa mesma foto. Levem no cú e não dêem um ai, tão determinad

A Guerra é um bom filme.

  Utah Beach, Normandia, 6 de junho de 1944. A foto mostra um grupo de soldados americanos a processarem, o que eles acreditam ser um soldado japonês, capturado em Utah Beach, durante o dia D. Após a sua captura, foi enviado para um campo de prisioneiros no Reino Unido, e, durante o processo de comunicação através de tradutores japoneses percebeu-se que ele não era de todo japonês, Yang Kyoungjong era coreano. Em 1938, com 18 anos, Yang estava na Manchúria, tendo sido convocado para o Exército Imperial Japonês " Exército Kwantung ", para lutar contra a União Soviética. Naquela época, a Coréia estava sob o domínio japonês. Durante as batalhas de Khalkhin entre a União Soviética e o Japão, foi aprisionado pelos soviéticos, e posteriormente forçado a servir no seu exército. Mais tarde, terá sido enviado para a Ucrânia, onde lutou pelos soviéticos na batalha de Kharkov , onde, mais uma vez foi capturado, desta feita pelos alemães. Foi então recambiado para França, integrando

Beber é um fim.

  Há muito que deixei de ser alguém em quem valha a pena investir tempo, empatia, amor até.  Sou um bêbado! Um bom bêbado. Um bêbado bonzinho, ajuizado, direitinho. Bebo em casa, só, não incomodo, não arrebento a sociedade em geral, não cambaleio pelas ruas, não vomito pelas sarjetas aos pés de estranhos. Não acordo ninguém, nem sequer os vizinhos. Engulo tudo e regurgito para dentro de mim. Há sempre espaço dentro de mim, para tudo. Até para o pior de mim. Sou um bom bêbado e o pior dos bêbados também. Já nada me importa sóbrio, embora ainda me importe que não me vejam bêbado. Por isso bebo? Sou um bêbado paradoxal e niilista. A conveniência da exposição deste desabafo, que me revela bêbado assumido, finalmente, deixa-me intransigente ou anódino. Escolha, seja quem for que isto leia. Quero lá saber. Andei anos a insinuá-lo, ninguém se importou. Agora é a minha vez. Estou-me nas tintas para que saibam quem sou, o que sou: sou um bêbado! - Aqui está. As possíveis reações seriam a lástim

A cair devagar...

 

Saudades de ver boas Séries VI

  Se ainda não conhecem o Raoul Peck, não intentem começar a conhecê-lo pelo seu documentário mais mediático; o extraordinário " I am not your Negro ". Escavem mais fundo, descubram-lhe os filmes de ficção, imersos na sua historiografia, nas suas vivências. Aguentem esses embates iniciais e depois, sim,  atravessem para o estupor que o James Baldwin escreveu e narrou, para a pele queimada por dentro que é esse filme documental: " I am not your Negro ". Se, ainda assim permanecerem convictos de que aguentam mais, prossigam para esta mini-série documental, totalmente introspectiva e arrasadora. - Spoiler - Raoul Peck atreve-se a ser protagonista no seu próprio trabalho documentarista e não faz atalhos nem poupa caminhos. São 4 episódios de quase uma hora de murros no estômago e chapadas nas fuças. De espigões longínquos espetados no coração, e que saem da TV sem os conseguimos evitar. Ficámos ali a vê-los surgirem, a ver-nos, como se houvesse um espelho furioso no la

Este Ego é meu, não mo tires. Não tenho mais.

 " ( Don't Dream about anyone, except myself...)"