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A mostrar mensagens de dezembro 19, 2021

O Portento morre cedo

  Saudades de ter amigos.  É, de todas, a que mais me assombra. Se antes me sentia essencial a um grupo, agora, e depois de me manifestar como sou, vejo-me nas franjas, onde todas as boas emoções se retiram deixando-me só no que expresso livremente porque sou. É um peso incomensurável que balança alguma se preparou para equilibrar. É uma força imbatível que nos derrota à partida: querer ter amigos e afastá-los perpetuamente porque queremos ser como somos. Um dia acordei e vi o abismo. Não era nenhum fosso, nenhum desfiladeiro entre coisas que existem para nos separarem. Era, tão somente, um branco nulo. Panorama de absurdo, onde um abraço surtia tão raro como um unicórnio, e a fala caía no terror do desuso do electrónico fácil.  Nesse dia percebi que sempre tive amigos contrafeitos. Vendiam-se-me com falsas etiquetas e pareciam-me tão verdadeiros que comprei tudo o que me abraçaram. Justo até sentir frio, um gelo oculto por baixo dos seus braços.  Mas, onde estão hoje? Até esses, até e