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Mensagens

A mostrar mensagens de março 29, 2015

Sou a perdição absoluta num só homem só.

(...) Subimos juntos as escadas que conduziam ao primeiro corredor do primeiro andar. Desaguamos ali sem recordações de maior, imersos naquela noção de bom pecado que o Henry Miller transformou em pureza, num bafo de uísque inspirado. Como se o movimento de rotação da terra, não se tivesse alterado para sempre naquele pátio anterior ao nosso beijo. Tornei-me seu escravo absoluto no momento devastador em que o seu perfume me penetrou. E os escravos só sabem coisas sobre revoltas e insurreições, não têm cabeça para mais, porque o resto do corpo, e grande parte da cabeça também, estão firmemente soldadas à vontade exterior de um segundo índividuo. Perdi a minha vontade na carne vermelha daqueles seus lábios rarefeitos. Subi todos aqueles degraus seguindo-a, hipnotizado pelo movimento ficcional das suas nádegas, a dança triunfante das suas coxas livres. Do outro lado daquele movimento pendular de linhas rectas imparáveis, havia quem disparasse aos pássaros mais lentos do céu de Sete

Bons tempos, para variar.

Os senhores tribais de gostos encarniçados, só demonstram balanços diários incertos. Nada lhes ferve no sangue, demasiado espesso de tanta gordura ou cultura, parado em hipnose, em veias entupidas de desdém. Se me calhar na má sorte, vir um dia ser um destes senhores tão congestionados, purgados do sangue real que traz vida a todos os desertos, levem-me a praça pública e fuzilem-me por favor, com uma só bala pura. Antes quero ser para todo o sempre um eterno ninguém, que um senhor desconforme de tantos dizeres disparatados. Hei-de morrer ao alto, no peito verde de lugares com carvalhos despertos. A palavra escrita nunca é definitiva, mas pode ser tão dura, como o partir inútil de um coração de alguém. que nem quis engrossar sequer o bastião dos desesperados. Miro Teixeira 2014