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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto 13, 2017

Stanley Kubrick

As noites de Verão pedem bom cinema. Maratona Kubrick pela noite dentro. ilustrações by:  tomer hanuka

Jorge Machado

Jorge Machado Ninguém nunca sabe ao que vem, viver é um ensaio. Dão-nos o que fazer e coisas para que acreditemos e depois ficamos à solta. Dão-nos o nós e a vida de barro, mas há quem faça o que bem entende gostar de fazer. E até há quem o faça muito bem. Ninguém nos explica direito, em pequenos, que as coisas mudam e partem e ausentam-se, e que antes de aqui chegarmos, já o seríamos, mas que tudo se cria e que tudo se nos pode escapar. Carecemos de um olho arguto e atento para captar o que mais conta, até à eternidade. Eu, por boa sorte, tenho um amigo, que por sorte também é o meu melhor amigo, que entende muito bem que há tempos de equívocos, de medo e de combate. Que o mundo, de tão duro e belo até ao fim é mais colectivo se for partilhado em imagens, que nos deixem estarrecidos. O Jó sabe disso de querermos ser felizes, nisso somos mais que irmãos.  E desde catraios entendi nele, o seu lugar exacto. O seu carácter metódico, rigoroso é a pedra de toque da sua vida e da

Piquenas estórias de amore IX

A moça era indiferente à diferença, tinha medo dos objectos cortantes que por vezes os outros trazem nos olhos, e por igual receava os problemas existenciais e o peso de não dormir jamais. Tinha também a estranha capacidade de armazenar palavras na garganta e quando mais não as suportava, saiam-lhe chocalhadas em um frémito. Ficava o chão azul todo borrado de letras de faz de conta. Centenas de quilómetros de espaço e tempo em circunferências no chão, cheias de palavras sentimentais.  A moça assustava-se muito com as diferenças, menos com as palavras-cruzadas e com as sopas de letras, e enquanto falava ecoava sons, invertia pronomes e golpeava o ar com movimentos bruscos. Era já a indiferença a tomar-lhe conta do entusiasmo. As crostas das palavras que ficavam, limpava-as às costas da cadeira, com os sons ainda agarrados ao coração. A moça tinha também uma expressão inteligente e ausente, que fotografava a preto-e-branco quando lhe apetecia ser mulher. Memorizava coisas do f

A merda é isto!

Venho aqui dizer-vos isto com a melhor das intenções: sois uma merda!  Aliás, sois pior que uma merda.  A merda ao menos é directa e pura. Sabe o que é e não se vende por qualquer fragrância mais convidativa. A merda entende que ser uma merda não é fácil, mas tem de existir à mesma e, caramba, como ela existe! A merda, amiúde, até canta, em voz soprano. Compõe-se e decompõe-se pela água. A merda não polui, como vós poluís o que vedes e lês. A merda é consistente, e se a quiserdes despejar ela vai, segue em frente. Não fica de joelhos a pedir miminhos. A merda esbandalha-se por vós, e o que fazeis em retorno? Nada! Ou pior que nada, puxais o autoclismo do desprezo. A merda ressente-se também, sabeis? A merda chora até. É uma verborreia descontinuada que lhe escorre pelo olho, mas chora, sim. Passa noites em claro, sem sequer ir à cama e põe um lenço encapelado ao correr do volume, para que não lhe vejam as iminências da dor. A merda sofre também. Sois a grotesca desgraça da

O Vasco da Gama a estragar-nos a imagem.

" O vodka usbeque é uma zurrapa do pior mas, caramba, é difícil encontrar melhor desbloqueador de conversas em todo o território da antiga república soviética. Sobretudo por isto: o Usbequistão é um país islâmico. O que quer dizer que quase toda a gente bebe a sua bebida, mas fá-lo mais ou menos às escondidas. Em boa verdade, quando se juntam vários desconhecidos em torno de um copo, é como se estabelecessem logo ali uma cumplicidade de anos. Tornam-se companheiros de disfarce, cooperantes de uma infração irresistível. A primeira pessoa que conheci na Ásia Central foi precisamente um passageiro que cumpria comigo a viagem de Samarcanda para Tashkent. Entre as duas maiores cidades do país – dois oásis no meio do deserto do Karakum, no antigo caminho das caravanas da Rota da Seda – preferimos ambos abandonar o desconforto dos bancos de madeira e rumar à carruagem-bar. Pedimos um vodka cada um. Ele era um tipo alto quando comparado com os seus compatriotas, devia ter um valente

Diagrama de Etiqueta para Homens

Cronologia do Terror

“Para mim o melhor modo de lutar contra o terrorismo e o extremismo é fazer uma coisa simples: educar a próxima geração.” -  Malala Yousafzai    Reino Unido:  7 de julho de 2005,  quatro ataques suicidas em simultâneo. T rês bombas explodiram em linhas do metro e uma num autocarro de dois andares.  56 pessoas morreram e 700 ficaram feridas. 22 de maio de 2013.  Dois britânicos de ascendência nigeriana convertidos ao islamismo assassinaram o soldado Lee Rigby, numa rua do sul de Londres, esfaqueando-o e tentando decapita-lo com um cutelo. (Al Qaeda) 3 de Junho de 2017,  Uma carrinha atropelou várias pessoas na Ponte de Londres outras foram esfaqueadas no Mercado de Borough. Sete Mortos. 22 de Março de 2017.  Seis pessoas morreram, incluindo o atacante, e cerca de cinquenta outras ficaram feridas num atentado perpetrado por um britânico , na ponte de Westminster e frente ao Parlamento britânico, em Londres.  A sexta vítima mortal é uma mulher que saltou da ponte . 22 M

Se os amigos não dançarem não são meus amigos.

e é isto!

Medo filho-da-puta.

A faculdade humana de cavar um nicho para si, de segregar uma carapaça, de levantar à sua volta uma rígida barreira de defesa, uma armadura de medo, mesmo em circunstâncias não desesperadas, é um preciosismo muito nosso, roubado aos bichos, dos tempos das adaptações milenares, em que uma parte passiva nos fodia, e outra, mais activa, nos comia. O estipular metódico de pactos tácitos de não-agressão com a própria consciência muito evoluíram.   Somos hoje bem capazes de atravessar a rua face à visão do que nos incomoda o nojo. Mendigos? Poetas? Sem-abrigo? Escritores não publicados? Refugiados? Bloguers? Pretos? Iconoclastas? Ciganos? Humoristas? Que horror! - Esta gente havia era de ser toda arremessada a um barraco e levar com gás em cima. Muito depressa. Já. Que me arrepiam todo. Estes são os medos que conduzem à emergência de soluções ainda mais aterradoras. Até conseguimos explodir, vez em quando, na protecção confortável da distância virtual. O que pouco evoluiu, foi a n