O homem que sabe interessar-se pelas coisas que os outros desprezam e não entendem vive sempre em um misto de violência e de calma. Tem sempre direito às suas ideias embora não pareça ter à vida que quis para si. Crê que a sua maior parte é um exército de personagens que acabam todos por se encontrar no mesmo lugar onde está. Um vasto descampado repleto de máscaras fotogênicas em decomposição. Tudo o que não se chega a realizar, e que, ilusoriamente acredita ter de aguentar, resistir, sobreviver. Assim, o seu corpo heterogéneo são as suas palavras, que acabam breves, lacónicas, quase demasiado inquisidoras. Rasga-as mais vezes do que costumava. Alguns trechos perfeitos, muitos inexpressivos, fatalmente desnecessários, como estes que lhe foram devolvidos sem uma nota. Destrói-as, e muitas vezes, ao destruirem-se palavras, mesmo as menos expressivas, alguma coisa em um exército inteiro de almas se acaba e se perde irremediavelmente. É-lhe evidente, contudo, que o desejo d...