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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro 26, 2023

Algós B. Tristão, o poeta cagão.

  O meu sonho atirou-se da janela, lá para baixo, tão frágil, doente, tão débil, precisou de atenção. Morreu assim. Coisa ruim da gosma de um mau rapaz. A sua verdade encontrava-se por debaixo, de um ataque, ou é uma estrela cardíaca em explosão, Ninguém a viu, ali, tão desunida com aquilo de que se julgou capaz. Enquanto a maioria esgalha e esgalha, e só se anima, com raízes de vãs alegrias pelos vãos de escadas, sémen em pó, de um pobre, triste optimismo, eu definho e faço do corpo papel daquele que só lastima, não ter conseguido chegar às tetas mais anafadas. Morrinho uma brutalidade de fingido potente antagonismo. Como as unhas que deixo crescer, como os assustadores pelos laxantes, dos meus imaginários cascos, grito a justa luta, bebo, e depois enterro-a toda na minha lama. Jamais serei melhor do que sou hoje, não por vossos modelos. O fim é um pote cheio de palavras e de entrelaçados laços, apropriados poemas escritos na ponta da cama. Jamais! Quando me dedicarei por fim aos meus

Diários Eróticos III

  No vale de Jezebel

O Ginásio

  É tão estranho como o Sol de uma qualquer Primavera impulsiona os corpos à rua. Está frio, aquele tipo de frio que iguala o desespero da perda humana, ponto por ponto. Aquele frio exacto do calendário. Não é um frio setentrional, nem podia, vive-se em Portugal. Contudo, o frio que faz, ajusta-se ao nosso normal clima e corta, incomoda, dói, recolhe-nos, faz-nos povo mais caseiro, ou, assim se adivinharia. Não é o caso. Pois a tundra gelada do país tem horário: entre as 03h00 e as 07h00 da manhã, e depois, no segundo período avassalador, por volta das 19h00 até ao raiar do novo dia seguinte. Nesse interstício aquece-nos um Sol revoltante, que, de algum modo misterioso purga toda a geada interior das gentes cautelosas e, pior, faz-las saírem em catadupas de répteis abjectos a absorverem-no como podem. Vejo as criaturas do ginásio defronte, na praça, a cumprirem as regras que o dinheiro pagou e o remorso comandou. Frágeis fac-símiles de seres humanos desesperados por melhores figuras, a

Beber uma morte anunciada.

Cada dia bebo mais. "Dorme meu pequeno mundo." - É um percurso mortal de um covarde, que prefere a lentidão líquida da morte, invés do abrupto suicídio brutal e espalhafatoso. Cada dia bebo mais, bebo mais...É um intuito determinado. Perderei o emprego, a família, a vida...estou certo disso, acabarei como todos os bêbados que não desistem de o serem. Porquê? Porque não consegui. Aí está! Guardei um rancor no corpo, pela vida fora, até ao seu fim. Foi a rejeição daquilo que a me propus que me perdeu. Quis ser o que não me deixaram e jamais esqueci. Sou, portanto, um ' cliché '. Bebo para colmatar uma falha que não me coube por escolha. Morro para justificar uma rejeição que sinto não ter merecido. Acabo-me na pior regra do mundo artístico, não lhe ser merecedor! Andei anos e anos nisto. Nesta determinação de atingir. Mandei tanta coisa para fora, tanto texto, tanta criatividade olvidada. Nem uma correspondência. É isto ser-se escritor? Também. Não aguento. Há um climax

Onde andam estas mulheres bonitas? - I

  A rapariga morena, de cabelos encaracolados, que, amíude aparece neste vídeo dos Ban, é linda. Demasiado bonita para não a vermos depois deste clip. O que foi feito dela?

Os novos 'Apóstolos'.

  Apostolar é a tendência. Pouco importa sobre o quê ou se, de facto existe uma emergência racional a escalar o raciocínio que lemos ou escutamos daquilo que lemos ou que nos dizem. A acção é inerte e reflecte apenas uma necessidade egocêntrica; a de conseguir 'hits', 'likes', 'seguidores' ou, de algum modo preservar a intenção desnorteada de cavalgadura do interlocutor que a expressa. A plêidade de impropérios expostos nestes dislates, jamais rivalizaria com a ordem segura de uma própria noção de realidade. São pressupostos não atendidos. Hoje em dia, nem tampouco necessitam de o ser. A desrazão evoluiu tal, que as oportunidades apetitosas de auto-promoção simplificam-se pela variedade de plataformas sociais onde poderão ser veiculadas. Assim que, qualquer hominídeo com dois terços de um cérebro funcional, poderá, se assim o decidir, regurgitar seja o que for, sobre quem for, sobre toda a salubridade da razão e da sua proporcional harmonia com um arrazoado rumo

Sim, tu podes!

 

Dia sim, dia não uma beleza antiga

  Anne Francis

Altamira, ao entardecer. - Cap.1

Leituras em praia de névoa alvorada: cozido de Humberto: o porco que gostava da vitela que gostava dos enchidos que toda a gente provara antes. O todo ali fugiu assustado. A graça morreu na pastelaria ao ler gratidão na poesia de um heterónimo. S e faltava luz, acastanhava-se. A estatura era média, tendendo para mais alta, mas curvada, sem ombros altos. O gesto era branco, o sorriso era como era, a voz era igual, lançado em um tom de quem não procura senão dizer o que está dizendo, nem alta, nem baixa, clara, livre de intenções, de hesitações, de timidezas. O olhar meio-verde, meio-castanho, não sabia deixar de fitar as cores da desgraça. Ainda no outro dia, Humberto alçou a barriga do recobro da morte anunciada, e pôs-se a jeito de morrer melhor dentro dela. Altamira, que viera das cavernas subterrâneas da Turquia, acabou refugiada em Santa Clara por um mero erro burocrático. Santa Clara, terra mártir de luz excessiva. Santa Clara, área do grito final do artista. Estufa de frustrações