Foto: Casimiro Teixeira Onde estão todos os anjos guardadores, que me prometeram em menino? Desbaratados... Fugidos em terror, dos meus mais íntimos cercados, andam tristemente a monte e sem sorte. Não restou um sequer que fosse digno desse destino. Encontrei-os a todos, ontem, reunidos, numa noite de descobertas, enquanto sonhava com o Marlon Brando de um tempo anterior à sua morte, e afligia aos gritos, o resto dos incréus moradores. Desbaratados, num espaço sem fim, sem ar respirável. Quiçá só um fumo sem origem ou comando ou um miasma reluzente, aqui debaixo, dos lençóis e das cobertas. E o tempo a estender-se como uma mão que cobre. Há que vencer este tempo tão pouco admirável! Desbaratado, anseio pela grande partida, por viajar, por ser crente. Fazer um safari pelas nuvens já desprovidas e saneadas de anjos, selvas e pagodas. Desertar todos os ninhos e a felicidade que sobre. Encontrei-os nus sabem? Tremendo, como virgens recém violadas. ...