Quem se dirige, rumo a nordeste, do extenso lavradio alagadiço para o interior da ilha falsa do Marques Trancão, nota logo a rápida elevação do terreno, oculta de outros pontos de vista, pelo espesso arvoredo e que faz de ponte com o resto do país. Após vinte minutos bem contados de marcha ao longo de tortuosos caminhos obstruídos por pedras enormes ou escavados em ladeiras escorregadias, com casas de paredões de barro largadas aqui e ali, ao abandono, chega-se à pátria do Trancão, e de quem quer que esteja em dificuldades com a lei. Gilberto Sidónio, "o pelintra", homem monumental, de espáduas quadradas e sólidas, com passadas elásticas, fez todo o percurso em doze minutos, e ademais carregava em cima da sua bárbara saúde, uma sacola impermeável de lona que quase parecia sua gémea em peso e volume. O interior sacrossanto da ilha é um baluarte que nasceu do peito de um bastião encaniçado, rodeado por pequenos fossos de água salobra e cães semi-selvagens que vagueiam...