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A mostrar mensagens de novembro 13, 2011

Desalento

Encontro-me triste, abandonado e só. mais cão vadio do que homem, sem ter quem me procure, desalentado, neste fim do mundo que mete dó, com um pé já apontado a um nada que perdure. Pobre espinho curto que a ninguém pica, minh’alma é desventurada e escura, (coitada). Não sabe ser alma, nem cai ou fica. É feita de coisa inerte que nem perdura. Deverei ir mais além, na busca de quem me queira, ou aqui permanecer, tão triste, só e abandonado? Sou vidrinho furado por onde tudo se esgueira, sem vontade sequer, de estar em nenhum lado. E, de olhos fechados, já não sinto sequer este vento, mais me faltam forças para os manter abertos, neste ponto onde estou, sinto só, abandono e desalento, e um sem fim de outros males incertos. Quem me virá buscar a este cume de solidão? Sei-te aí por perto, mas chamar-te, eu nem m’atrevo. Maior será a dor de um tal
(...) "O " Governo Sombra " nada tem de nocturno, de subterrâneo, de inconsciente. Está penetrado de luz e exprime qualquer coisa de perfeitamente consciente, embora permanente no homem - simboliza a experiência talvez mais frequente na existência, a dupla atracção das duas "tentações" da alma humana: a do bem estar, do amor seguro, dos dias sempre iguais, por um lado; por outro, o da aventura, da insegurança, da graça sempre renovada dos medos e dos mistérios que nos assoberbam, por vezes nos aterrorizam, arrancados ao tempo com trabalho e perigo, como as pedras ao duro flanco da montanha." opinião do leitor: Luis Vaz Morgado

Viver no Passado.

Surpreende-me a minha própria nostalgia por tempos que nem conheci, e dos quais tenho apenas recordações transmitidas por terceiros. Nunca antes me colocara a viver nos anos da geração dos meus pais, mas de tempos a tempos, sou involuntariamente transportado para aí. São somente breves instantes que se dilatam quando passo pela cozinha e o sol ilumina uma determinada cor das paredes. Caio numa fantasia em tons de azul pastel, de um tempo em que havia vacas leiteiras, muito pouca gente, e todas as pessoas se conheciam umas às outras, numa pequena aldeia isolada no cimo de um monte, sobranceira ao rio Ave. Havia ali uma quietude de ledo pasmo que muito me agradava. Velhas que raramente saíam de casa, e a quem eu fazia recados. Casas trancadas no tempo pela penúria ou pelo abandono, algumas mais antigas que as próprias velhas. Não existiam bulícios de inquietações, não se choravam misérias em privado, e em público não havia necessidade para tal, pois as desventuras eram de todos. Um