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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro 28, 2018

Coisas da mesma amálgama masoquista

Anda um homem, vivo, por pouco ainda vivo e extraordinariamente ainda cheio de vontade, a choramingar constantemente a mesma baba e ranho, lavados a seco para um nada higienizado de absoluto desdém, para depois assistir a isto: o saque do espólio dos mortos, ainda mortos e certamente já sem vontade alguma de publicar seja o que for. - Estão, tipo...mortos! Certo? Mas não, a altura é exacta, é sempre exacta ao ritmo da necessidade dos ganhos possíveis, da família, da editora, do raio que os parta, nunca dos fieis leitores, que esses são carneiros puros com moeda infinita incrustada na lã inocente do bom gosto. E mais, o texto tem de ser alto, levantado, sublime, pois é do Bolaño valha-me deus, um tipo que escrevia bem como o caralho mas que poucos serão os que, com genuína honestidade se chegarão à frente para descrever a emoção orgástica da leitura das duríssimas e dificilíssimas 1063 páginas do seu épico romance " 2666 " - ' A vida humana inteira está dentro destas

Madeira-de-Sonho

Na madeira velha, baratucha, riscada, da mesinha da máquina de escrever há uma paisagem, feita de veios, que só uma criança pode ver ou o eu mais velho da criança, uma mulher sonhando quando devia estar a bater à máquina o último relatório do dia. Se isto fosse um mapa, pensa ela, um mapa decretado para memorizar podendo ela talvez percorrê-lo, ele mostra cordilheira atrás de cordilheira esbatendo-se no deserto nebulento, aqui e além um sinal de aquíferos e um possível bebedouro. Se isto fosse um mapa seria o mapa da última idade da sua vida, não um mapa de escolhas mas um mapa de variações sobre a escolha maior. Seria o mapa pelo qual ela poderia ver o fim das escolhas turísticas, de distâncias azuladas e arroxeadas de romantismo, pelo qual ela reconheceria que a poesia não é revolução mas uma forma de saber por que tem de vir a revolução. Se esta mesinha de madeira baratucha, produzida em massa, vinda da Companhia de Gás de Brooklyn, produzida em massa porém duradoura, presente ago

Quando nos desaparecem os livros...

Corre!   Se não está na  não existe????

Dia dos Finados

Dos melhores dias de um ano qualquer...

Icónico

David Bowie por Terry O'Neill (1974) Bem tarde a descobri,  Exposicao Iconic Bowie , mas, ainda fui a tempo e muitos de vós também poderão ir. Apanhem esta fantástica exposição fotográfica no Arrábida Shopping (Gaia), pois dizerem que o Bowie morreu será sempre 'fake news' no coração de quem o amou.

Dia sim, dia não uma beleza antiga

Errol Flynn

Sem batimentos por Minuto.

Saudades de ver bons filmes (XVIII)

Ao contrário do que muitas imaginações menos tolerantes acreditam, este blogue não se chama da forma como se chama, por ser eu um 'arrogantezinho de merda' ( ipsis litteris ) que só quer ver o mundo partido em bocados e reorganizado à sua maneira. É verdade que sou amiúde tomado por certas e determinadas arrogâncias, e é uma merda que o seja por vezes, pois só me lixa a vida. Porém, "O Mundo de Acordo com Miro" não é mais nem menos que uma homenagem, um singelo tributo a um pequeno grande filme que sempre adorei: " The World According to Garp ". Esta inteligentíssima produção de 1982, realizada por George Roy Hill, onde o malogrado Robin Williams interpreta o papel principal, - uma das grandes prestações da sua carreira, por sinal, - em um registo dramático, e porém sempre imerso naquela sua muito própria inocência cómica, que transparecia sem esforço quando o permitia, sempre me tocou em nervos e delírios muito particulares. Creio até, que o facto de a

Paixão galopante e sem espaço

As Crónicas do Senhor Barbosa XII

- O que é essa coisa da poesia? - Pergunta-lhe o renitente na rua. - Diz-me lá para que me serve? - O Senhor Barbosa ficou com a língua pesada para respostas imediatas, mas, na sua cabeça, a tapar disfarçadamente aquele protesto mudo, corriam-lhe os mais profundos e belos desejos dos Homens. - Então? - insiste o editor impaciente - Respondes ou não às minhas perguntas? Para que serve aquilo de que te serves para fingires que serves o mundo de alguma maior beleza? Esta última, mais dramática questão, teve um efeito de praxe naquele homem só raíz. Este homem só chão, posto a renascer para uma teoria inteiramente certa de uma nova vida, achou ser seu dever fazer-lhe espécie dar respostas que não iriam acudir nenhum espírito. Porém, interiormente, remoía-se contra a preguiça de não mastigar apenas os pensamentos. Queria mesmo responder-lhe e, em acto poético contínuo, provar-lhe que a poesia serve apenas uma coisa. - Dá-me ao menos um exemplo. - Persiste o inquisidor. - Nota bem, um

Também já estive nu abaixo do chão

Algum dia, Vila do Conde, algum dia...

... deixei de pedir meças a quem me parte as asas de cristal, tomado tão a medo neste bom jardim algum dia teria de deixar de voar antes mesmo de o começar. Só peço a quem seja, que atirará essa pedra fria e desigual que o faça já, rápido, ao contrário do longo fim que começou tão lento a me despedaçar...

Escrever ao contrário de um Fim.

Escrevo isto em rescaldo porque sou activista de muito pouco.  Ou melhor, escrevo isto ' à posteriori ' apenas porque ninguém me pede e paga para expressar publicamente a minha opinião sobre seja o que for, e por isso não o faço no mesmo trilho de qualquer rebanho, assim só por 'dá cá uma palha', e muito menos em montras mais sérias e avalizadas. Serei egoísta, e sou-o, porém, neste aspecto concreto daquilo que escrevo aqui, encaro-o mais como um egoísmo de pouca monta, um ' fait-diver ', vá. Apenas porque o escrevo aqui "no meu Mundo..." em vez de o fazer em plataformas mais credíveis e visíveis ou em alguma publicação mais digna, seja online ou em papel.  Há muito ressabiamento aqui? Há, sim senhor, gostava muito de o poder fazer aí, mas não consigo, não lhes chego, só que mesmo isso não me impede de o escrever, e de acreditar que acabo por ser mais honesto do que muitas vezes o são 'os consideráveis de nome próprio' ou 'os senhores

Rui Rock's

Hoje é o aniversário do meu amigo Rui Terroso. Quarenta e três anos de vida, mais de vinte de música incansável. Um homem diferente neste tempo de arraso total da individualidade, assustado ou não, tenaz, jamais desiste. A certeza na frente e sempre seguindo a canção. Um grande ser humano que não espera acontecer, faz. Merece-me tudo e assumo-lhe a dedicatória. Falei está falado. A amizade não vê nem ouve, só sente. Parabéns Rui.

Fútil, fútil...

Os perdidos abraçam a esperança no Brasil. (...) Quero morrer do meu próprio veneno, (...) Cale-se!