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A mostrar mensagens de dezembro 2, 2012

Um tudo mais líquido

  Nada é tão ilimitado quanto o mar, nada tão paciente. Em suas largas costas, como um elefante vagabundo, carrega, minúsculos anões d'areia que trilham um mundo intermitente, e tem sempre lugar para todas as lamentações . Se me perder p'ra sempre, que seja nesse lugar de conforto, onde a água e a espuma, tudo guardam, em secreto jazigo. Não há outra vala comum que encerre tanto morto, ansioso por se recolher, ao lugar salgado desse abrigo. O mar é um imenso contentor, esse prodigioso armário,   a abarrotar, de cartas, memoriais, bilhetinhos de amor, pedidos de ajuda e todo um breviário, de alegrias e desditas, que para sempre ficarão confidenciais. Acostumou-se apenas ao som das músicas, à forma das palavras, às lágrimas...ás lágrimas.  Aos pássaros sonolentos, e ao retinir de escamas e de dentes, e por fim, também aos homens, que, apoiados nessas pilastras de sal aspir