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Mensagens

A mostrar mensagens de abril 5, 2015

Uma tarde inútil em Abril

Em tardes tão pouco douradas, absolutas em desmaios vespertinos, nada me apetece de produtivo. Agacho-me à janela, dentro de uma concha de inutilidade, escondido da vista, para que ninguém lá fora possa reparar em tanto desperdício. Tocam as músicas na mesma, mas baixinho como o mau cheiro dos pés dos anões, a Liz sussurra inconformada, o Robert desiste a meio da canção e sai de cena a retocar a maquilhagem. Mudo para bebop e animo um pouco-nada desta ronha entranhada. Bebo dois goles seguidos sem perder tempo a contar as porções. Que interessam as porções? As garrafas só choram quando lhes acaba o líquido. Tenho destes dias assim fodidos, tenho pois. Graças a Deus que os tenho. Se tivesse de ser normal todos os dias, enlouqueceria normalmente! Lá fora, o mundo inteiro imobilizado na minha cabeça, enche-se de apelos luminosos, como a luz de um farol voltada ao mar de incerta tempestade. Rais' partam os donos dos cães que cagam tudo com os seus bichos mal ensinados. Malditos

Queima do Judas 2015

Por uma só noite fui poeta, e isso basta-me para uma vida. Fotos: Sara Jaques  - Poema na Tasca - Sento-me ali todas as noites esperando pela maciez do passar do tempo. Sinto que poderia escrever o tempo inteiro sobre os vossos passos, olhar para trás e vê-los anavalhados num futuro líquido, mas não posso. Sinto perto a tempestade fatal que descreverá o poema do vosso fim. Talv ez o rio suba demasiado, e seja certeiro, na hora marcada desse tempo que não espero ser feito de dias felizes. Talvez.. Tantos lanhos vos contei por tantas mãos por tantos barcos por tantos copos, tantos risos, tantos gritos e canções, tantas discussões de mortos, por tantas e tantas noites, ali sentado ao vosso lado. Que golpe tão infeliz fez o gume do progresso! Ali fui narrador da vossa história inteira, mas agora, não sei de mais nada... Dali assisti já ao vosso fim. O novo mundo nem vos quer. Sois sujos e barulhentos, pobres e inconseque