"No Século 19, quem sofria de doenças mentais era considerado alienado da sua verdadeira natureza. Os especialistas que os estudavam eram conhecidos como alienistas."
Nova Iorque, 1896. Uma série de horripilantes assassinatos contra crianças, assombram as ruas, tomando conta da cidade. O Recentemente nomeado comissário da polícia, Theodore Roosevelt, o psicólogo criminal Dr. Laszlo Kreizler, o seu amigo John Moore, ilustrador do New York Times e Sara Howard, a tenaz secretária do comissário, determinada a ser a primeira detective feminina da cidade, lançam-se a tentar descobrir e capturar um dos primeiros 'serial killers' nova-iorquinos.
Repleta de uma atmosfera tornada deliberadamente opaca e quase intolerante à luz, de diferentes personagens, principais ou não, caracterizados todos muito ambiguamente, esta série agarra-nos logo desde o primeiro episódio pela sensação constante de perigo iminente, de insegurança. Põe-nos em bicos de pés e isso é das suas mais valias. Porém, não é uma daquelas séries para se ver com a família em pura leviandade. É como se assistíssemos a um longo episódio da velha série "Sherlock Holmes - Granada Televison" mas sob esteróides. É dura e violenta, e a realização muito bem se atira a filmar as cenas mais traumáticas da forma mais gráfica possível, não se escusa a nada, embora peque talvez por falta de contenção. Algumas cenas vão-se arrastando sem aparente justificação narrativa, outras ganham gás e aceleram demasiado, de tal forma que em alguns momentos até o mais atento perde o fio à meada. Nota-se também o esforço de tornar o foco da série no ambiente, sempre sombrio e tenso em vez de trabalharem melhor as personagens que mereceriam um pouco mais de atenção, visto serem já de si tão ricas e paradoxais. Há os bons e os maus, os sensatos e os insensatos, os cobardes e os corajosos, os desgraçados e os afortunados, e em qualquer dado instante da história a confusão de se determinar exactamente quem é o quê consegue ser algo desconcertante. Ainda assim retrata aspectos determinantes da época, ressalvo as personagens femininas, fortes e determinadas, modernas mesmo, sobretudo a que é interpretada por Dakota Fanning, algo invulgar para o século 19, mas muito refrescante de se ver. É uma boa série com algumas falhas mas invulgarmente interessante e dinâmica, em comparação com a variedade mais ou menos insossa do que se vai produzindo em massa mais recentemente. Vê-se de uma assentada (10 episódios), para quem tiver tempo para isso. Quem não tiver, pode sempre imaginar a altura em que se viam as séries dia-a-dia ou semana a semana e apreciá-la à mesma.Vale a pena.
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