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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro 15, 2012

Põe-se Vila do Conde no ninho deste mar.

Terra amada, refrescas-me a alma de espuma. E para além? Existe outro mundo ou é um fim? Neste lado, aqueço-me no calor desta última bruma, e mais não quero olhar para trás de mim. Foto de Helder Sanhudo

O dia da feira.

Acordam mais cedo do que o sol da manhã, partem somente pela altura do seu recolher, e, quer maculados pela canícula do calor, quer crispados pela sofreguidão do frio, aqui estão, sem falta, todas as benditas sexta-feiras, pelo menos, desde que tenho memória de tal.  A cidade inteira parece transfigurar-se numa outra, neste dia, semana sim, semana sim...em serenos sobressaltos que perduram. Será quiçá uma rotina, haver uma feira aqui todas as semanas, uma rotina que nasceu no tempo em que ainda se vendiam cavalos, bois e outras animálias de grande porte a céu aberto, mas que, evoluiu depois, tornando-se numa necessidade para alguns, um prazer para muitos. É certo que, ainda se vêem patos e galinhas e perus e coelhos, prostrados em gaiolas, acometidos ao irrisório aprisionamento de um cesto de vime, ou meramente espalhados pelo chão empedrado, açaimados pelas juntas das patas com um infeliz fio de cordel grosseiro. Sim, eles ainda lá estão, toldando-nos a comiseração, ou o apetite

Como nasce uma história...

Que vontade indómita será esta de querer contar tudo? Bebi três copos seguidos e foi tão grande o prazer do líquido frio a descer pela garganta, que sorri também, e apeteceu-me contar histórias. Não estou bem certo de quais histórias deverei contar. De início pensei que as histórias me queimavam a alma, e gritei de susto, um susto feito em letras. Rápido, no desenrolar da continuidade de ser construído. Tinha de ser mesmo, escapulia-me do presente vezes sem conta, fascinado pela luminosidade sépia do passado, que emanava daquele torpor constante que me ribombava o cérebro e eu tinha de o fazer, tinha de contar. Por vezes, sentia-me prestes a ser capturado por algum vigilante zeloso que vive para impedir que o passado assome à tona. Sabem do que eu estou a falar? Aquela matéria gelada e porosa que vive oculta nos escaninhos das nossas mentes. Senti-me quase prestes a ser capturado, e a memória permanecia apertada contra o meu peito, como neve. Libertei-me de tudo, por fim, e estas h