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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro 26, 2017

O dia do fim do Circo de Feras

José Pedro Amaro dos Santos Reis "Zé Pedro" (1956-2017) Fazem-se sempre elegias bacocas na hora da morte de algum artista ou figura famosa ou meramente conhecida. O Zé Pedro, aquele tipo bexigoso, cara de mau e 'perigosamente' tatuado, que tocava guitarra nos ' Xutos & Pontapés ' não é excepção. Muito se fala sobre ele no dia de hoje (é tão comum que se acabe sempre a falar destas pessoas no dia em que morrem. Enerva-me isto.)  O Miguel Esteves Cardoso por exemplo, escreveu assim, hoje, sobre ele: " O Zé Pedro era bem educado e sorridente. A boa educação consiste em tornar mais confortável e agradável a existência dos outros: bem cultivada, é uma forma de bondade. O Zé Pedro tinha essa bondade e, para mais, usava-a bem." O 'excelso' senhor Cardoso, que aparentemente, parece conhecer toda a gente em Portugal, lá saberá o que diz sobre o que escreve. É provável que fossem ambos mesmo amigos de abraço, não sei. E nem me intere

O azul é lá longe

No dia 19 de Dezembro de 2013 o conhecido blogger Jason Kottke decretava a morte dos blogues, sinalizando o declínio social e mediático da blogosfera perante a ascenção das redes sociais. Esta alteração de paradigma viria configurar uma profunda revolução na forma como nos relacionamos com a informação no mundo online. Neste novo ecossistema da internet os conteúdos são valorizados sem interacção humana directa tendo por base um grande conjunto de variáveis: o número de “gostos”, comentários e partilhas de uma publicação, mas também inúmeros factores de selecção e quantificação só conhecidos para os proprietários destas plataformas. Sendo capazes de estabelecer um retrato particular de cada utilizador, abrangendo campos muito diversos do seu universo de interesses, as redes sociais conseguem também oferecer uma experiência de utilização específica, diferente para todos e dedicada a cada um de nós. Desta forma, os algoritmos tornaram-se muito mais do que meros auxiliares de selec

Longe

Aos amigos tudo... Descubram a agenda do Rui T aqui . Ouçam-lhe as músicas, encontrem-no. Há muito que trabalha com afinco na sua música e atravessou alguns desertos dolorosos e passou por cima de tudo quanto lhe atiraram. O Rui é um lutador e um bom amigo, merece mais, ganhou esse direito.

United Colors

Eikoh Hosoe

Cápsula do Tempo...

... de um tempo de cabelos armados em excesso de laca e bigodinhos enxutos à 'porn-star' bem fingida no abono das virilhas. Pudendo ter nascido antes do tempo, seria um Fred Schneider ainda mais cromo que o próprio. Tão lindos e bizarros! O Keith, a Cindy, a Kate, o Ricky e o desbragado Fred com o seu olhar constantemente embriagado.  Queria que fosse hoje a primeira vez que os ouvi, para poder cair para o lado novamente. A estupefacção foi-me injectada. Só dói ter-me esquecido quem me ofereceu o " Cosmic Thing " naquele meu aniversário longínquo. De resto continuo caído em torpor. De espanto somente. De intensificado assombro.  Fui buscar uns discos antigos e passei uma parte da tarde a ouvi-los. Continuam a pôr-me movimentos involuntários nas ancas e canções na boca que não tem nem um terço do timbre da Cindy para as cantar. Porra! - Quase trinta anos depois ainda me espantam as teias de aranha da má disposição. Isto é coisa de enorme importância para u

A minha Pequena Existência

Para mim o simples acto de sair de casa deixa-me o pátio dentro da cabeça feito num oito. É como se me fizessem um bruto cocó de cão dentro da cabeça, sem ter dono que o limpe. Os homens de cinzento que lá vivem não se importam faz tempo. Hoje fui sair com o meu filho; quer dizer, o meu filho pediu-me para ir sair com ele: vamos tomar um café, pai? - Perguntou-me. - Foi um rebate, sabem? Uma quase apoteose, depois de tantos anos de negação. Senti-me de novo uma pessoa, melhor quiçá, senti-me um pai, que é no fundo uma pessoa com um imperativo às costas. Um fulminante mais de emoção que de fogo. Ser pai é como quem passeia ao acaso pelo medo e depois sai-lhe a coragem toda limpa em uma simples frase. - Claro que sim. Vamos. - Respondi-lhe logo, exultante. Aquele simples convite reunificou-me, dobrei o queixo para trás e uivei para a rua, pela janela entreaberta. Lá fora, uns sujeitos pastoreavam os olhos para cima e riram-se por eles abaixo, por entenderam que ninguém consegue

Coisas simples e tão bonitas

Brilho fosco das Mudanças - Parte 1

Justino Viriato era um homem que fugia às regras, custódio de uma imensa fortuna e de um juízo mental irrepreensível. Apesar de ter um corpo em ruínas, ou talvez por isso mesmo, deixava que a vida lhe corresse devagar, sem grandes proveitos de alegria. Acordava com o sol, levantava-se, ia até à varanda somar pássaros e ventos fortes; depois lavava-se, vestia-se, descia à cozinha e comia uma laranja do seu quintal, que colhia pontual na tarde anterior e que deixava pousada na mesa da cozinha para o dia seguinte. As suas laranjas eram amargas e honestas como devem de ser as laranjas, e Justino jurava manter-se são enquanto estas assim fossem. Só então é que prosseguia em passo de tempo até ao grande salão das traseiras para contemplar o seu maior tesouro: os botões de punho. Fazia tudo com um vagar próprio do avanço da idade, longa o suficiente para saber, que não existe nada no mundo que justifique a tolice da azáfama e das correrias. Em determinado momento já estava tão velho q

Saudades de ver bons Filmes (IX)

... que fazem rir, não importa os anos que tenham. e rir é preciso, também.

Foda-se! - Davam Grandes Passeios aos Domingos...

... Mas, davam-nos aqui .  Porquê que precisarão de os dar onde está toda a gente? Passeiem-se onde quiserem, digo eu! O Mundo é onde o construímos, não onde nos mandam serem pessoas normais deste mundo. Quero aqui. E depois? Charlie Chaplin & Albert Einstein

Pensamentos Avulsos VII

Viver-se em permanente civilização não pode ser normal. - Tenho provas disto e apresentar-las-ei se me forem pedidas. - É que somos todos tão selvagens, brutos mesmo, alguns até grotescos, por baixo da capa da civilização. Somos mesmo. Investiguem a ciência da paleoantropologia e entenderão o barbarismo do ser humano. Não falo teológicamente, não vi o ' Diabo ' em ninguém. Vi sim o desprendimento, a impunidade dos assaltantes. A iminente falha sistémica da empatia. Um dia escreverei mais sobre isto. Não hoje. Hoje sinto-me marcado pelos opressores involuntários. E há tantos desses. Nascem mil a cada minuto de cada hora de cada dia. Batem nos mais fracos, nos que acreditam poder vir a ser melhores do que são, nos sonhadores. Espancam-nos impiedosamente e crescem os malditos, crescem exponencialmente. Chegará o dia em que não teremos mais inventores ou artistas. Toda a criatividade ficará submetida aos violentos pragmáticos, aos conquistadores deste novo mundo imediato que só