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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro 17, 2017

Só, o Outono ou nunca.

Entre o brilho verde de fulgor e o nada, nada me pertenceu. Aqui, as brisas espalham feridas embrenhadas pelas faias bravas, logo aqui tão perto só uma pequena saga de grandes memórias esquecidas que muitos sorrisos devassaram. Bosques inteiros de rostos ladeando os caminhos de pegadas de lama só um arvoredo frio e deserto posto quieto à força da lâmina dos dias marginais e sem horizontes longe de todas as coisas de fácil recompensa que nunca sequer quis. Por lá dentro haverá, só um homem cansado magoado nas mãos e nos montes pelos prados sibilantes do coração onde o vento foi chamar amor ao seu amado. Um homem rendido a escutar só recados de silêncio, que se esqueceu devagar do Outono nascido desse recorte de cicatriz só perdido ou quase acabado. Houve sempre muito visto de esguelha por estes lugares. Tanto abria os olhos como existia ou os fechava tristemente quando os caminhos se abriam adivinhando os mistérios das paisagens e anseios imperfeitos só que por um instante, por e

Esta mulher dormindo

(Para ti) Mais um dia que se ajoelhou de faca na boca. Esta mulher em máximo equilíbrio, sorrindo como uma estátua. Esta mulher feita de carne e sono, embrulhando os filhos por estrear Falhou em tudo e ri-se, de carvão a cercar o estômago As narinas muito abertas à procura do ar. As pernas tranquilas para o outro lado do corpo Uma dor de furar cidades numa cara adolescente, estreita, entre dois olhos   É mesmo ela, sem dúvida, esta mulher de diversão para qualquer dia um gesto desajeitado para qualquer ombro o maior esquecimento da família, até aos domingos E volta a cara para outro lado, de preferência à procura da luz   Mulher nua, no quarto, desistindo da sua lírica, Olhando o tecto Mulher encolhida na própria sina, encontro fatal   Os olhos comem O corpo alcança A mulher ergue-se no túmulo de outra vida Desaprendendo de ser gente   Mulher de bater à porta em dias invisíveis Calada, encostada à condição do seu lixo Remexendo

O Napoleão da Rua de S.Roque

Hoje vi um Napoleão pequenino deitado à solta  numa rua caída da minha terra. Enrolava um cigarro displicentemente debaixo do nariz aquilino e ajeitava os galões do peito enquanto um vento forte espumoso, quase demente lhe soprava o sentido da guerra a favor do catarro. Achei piada ao seu jeito de pequeno imperador sozinho, feito um messias no meio daquela rua. Passavam as pessoas e ele, atentamente mas muito baixinho levantava o braço a dar-lhes bons dias.

A Noite em que Gershwin me deu um filho - Parte 4

...continuação - Já que arruinaste a lasanha, queres o quê, que te faça uma omelete? - Questionou-me cheia de acidez. Deveria ter desconfiado que aquela pergunta arrastava consigo um derrame, só pelo exagero da sua reacção. Todavia, a perspectiva de voltar a ouvir “ Porgy and Bess ” trouxe-me a humanidade de volta, atropelando-me por momentos o bom senso. Ela põs-se como que possuída, atada a uma birra pueril, e passou-me tudo a eito na peneira do torpor. É que, qualquer ovo e seus derivados eram matéria de um assunto perturbador para Cecília. Isso nasceu numa noite em que encontramos uma caixa deles, na falta de dois para uma dúzia completa, num contentor muito asseado na rua da Igreja. Fizemos uma fogueira por trás da câmara municipal, num beco obscuro, e cozemo-los como se fossem caras brancas, embalsamadas pelo destino. - Não cometas mais erros meu amor, precisamos de reabastecimento proteico a sério. A paixão só não nos chega. Quem alardeou essa putice de um amor e uma c