Foi um erro ter aprendido as palavras. Renuncio-as todas agora, por ser já incapaz de as desaprender. Disponho-me a viver o que me resta, num mundo fictício, onde nada, jamais, signifique o que me apetece dizer. Faço esta promessa modesta, até que por fim, as mais belas palavras de todas, se juntem, e jurem alguma engenhosa e feroz vingança, contra mim. Deixem-me aqui no fundo desta alucinação, tenho esta minha loucura indelével, que já nem suporto. É como se caminhasse vendado, sem esperança de digna execução. Já não me importo, se os mais quietos sentidos de todos, me tolherem, ferirem, me fizerem sangrar. Também não me farão diferença as lágrimas de olhos mais rudes que os de uma criança. Temo apenas o erro que me fez começar. E é uma maravilhosa justiça que o final a mim me pertença. A tragédia que me escorre de tão medíocre língua, é onde mereço acabar. Entrego-me a ela, simplesmente, ansioso por ficar invisível, depressa, depressa, depressa... quanto...