A Rita Lee morreu na segunda-feira. Tinha uma sanha qualquer nos pulmões, daquelas tinhosas que nos matam mesmo sabendo de antemão que nos vão matar de qualquer forma. Foda-se! E depois? Morreu, portanto. Faz todo o sentido, mas dói na mesma. É injusto ver morrer quem nos acudiu em tantos momentos de incerteza romântica. Quem sempre teve as letras exactas que nos comprometeram. A Rita tinha um poder especial e jamais fez pouco dele, só fez voz, só voz. E naquela tímida voz de tanto poder, todos nós nos inserimos e todos nos deixámos ali ficar. A música quando é assim poderosa exulta quem a ouve, e depois desaparece. Mas para que serve afinal? - Serve para isso. Para ser uma flor que nos desabrocha a todos. Que saudades daquele cinema, Rita. Que saudades da banheira repleta de espuma, daquele perfume, daquela mania de ti. Obrigado por tudo!