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A mostrar mensagens de novembro 5, 2017

Pensamentos avulsos VII

Pequena nota para chamar a atenção para as coisas boas da vida,  que, ando sempre demasiado distraído para ver, e só me colam à memória como saudades boas. Ou apontamento para não deixar passar em branco muitos beijos e abraços a quem tanto me procura e dos quais só fujo. Estou assim em Dez de Novembro de Dois mil e dezassete, o que sinto estranho, mesmo na sensibilidade dos dedos enquanto o escrevo. Vindo de quem viu a sua vida salva pela música gótica não cabe em qualquer exactidão, sobretudo em um Universo que raramente se desleixa.  Breve exposição de como estou. Estou assim, tenho uma arma na mão, é líquida, fumegante e um historial de reflexos involuntários que nem tremem nem nada. Isto é o que mais me assusta. Hoje estou assim, a precisar de fugir por aí fora à procura só das histórias que me queiram contar pelas ruas, amanhã dia Onze de Novembro do mesmo ano, poderei meter o amor no carro e fazer uma viagem mais longa e rica, ou poderei já estar morto. Não tenho me

Ser jovem outra vez e esclarecido desta vez.

Não sei bem explicar porquê, mas, esta canção marcou-me imenso quando a ouvi pela primeira vez, ali pelos arrabaldes dos pré-púberes oitentas. Por essa época nem conhecia quase nada do Bowie. Ouvira até à exaustão o " Let's Dance " e o " China Girl ", sem me fazer grande abalo ou alarido. Andava longe do 'glam' e à solta pelo gótico e pop alternativo. Só me apaixonei por ele quando conheci a minha namorada fanática pelo camaleão David, pelo herói David. A minha namorada que é agora a minha mulher e que me ensinou a gostar deste homem. Não é maravilhoso isto? Eu nunca a apanhei nesse exacto caminho, quer isto dizer, ela nunca se apaixonou assim, tão perdidamente, por nenhum dos músicos, bandas, artistas, que eu, na altura (e ainda) adorava e adoro. Nunca a levei a mal por isso. O coração quer o que o coração quer ouvir e amar. " All the Young Dudes " não é um grande êxito do David Bowie, mas é um hino e tanto. De certa forma é quase alg

As Crónicas do Senhor Barbosa III

O Senhor Barbosa acredita que já n ada o pode magoar. Nem o desprezo passado, presente ou futuro, nem o cão esgalgado da vizinha, de dentes longos, nem a hesitação insípida do amor mais ou menos alvoroçado, nem a morte, nem nada. Nada mais lhe poderá acontecer de tragédia inventada. Já outros a inventaram por si. Olha para os reflexos e sabe que isto é de uma tal arrogância que até lhe faz doer os dentes postiços. Ri-se e prossegue a acreditar na sua recém-criada fortaleza inexpugnável. Mas, o Senhor Barbosa não fecha os olhos debalde, e sabe que, em tempos difíceis, às vezes é preciso morder a laranja para a poder descascar. Nada significa o que quer que seja até ao dia seguinte, altura em que voltamos a fazer contas à vida. É quando o riso cessa. Sabe isto e mesmo assim ri. Porque não? Está tão bêbado que outra coisa não lhe ocorreria fazer. O que é difícil é ultrapassar a espera pelo dia seguinte. Ali estava outra vez o ruído. Aquele ruído frio, cortante, vertical, que tão

O Sartre sabia umas coisas

Agá

No dia agá acordei a ver os brancos dos meus olhos tornarem-se vermelhos. Podia ter feito qualquer coisa menos cantar canções sobre o futuro. Cantei, mesmo assim. No espelho viam-se-me os braços partidos fracturados pela ausência dos meus sonhos mais velhos. Lá embaixo, três crianças brincam onde o sol poisa. Haviam logo de brincar hoje. Malditas! É áspero o seu escárnio, exactamente virado a mim. É duro, observar todos os meus sonhos varridos no fluir líquido desta demência. Mas há sempre um relâmpago senil, Foge-me pelas frestas do sorriso vão insidioso. Volume perene de escombros no arquipélago da loucura. Não haveriam de estar crianças aqui. Aqui há só escuro é tudo fel, mal, é tudo vil. Não deveria aspirar a algum futuro bom. Jamais o mereço. Abro a janela de par em par, a espantar as crianças com os meus típicos barulhos sons da minha auto-tragédia que perdura. Elas brincam, e vivem e eu só não esqueço. Malditos sorrisos das crianças! Não sabem q

Follow the dark, dark road

"Vós, Terras, sois perjuras, sois a morte. Avaras, esbanjais o nosso lote. Não sois vós já telúricas, mas dote De um rei de fraca gente e pouca sorte" (...) Daniel Jonas OBLÍVIO Assírio & Alvim 2017

Música para o caminho

Dia sim, dia não uma beleza antiga.

Gene Tierney

Pensamentos avulsos VI

Deixar de ser normal de repente, sem fazer grande alarido disso.... Tem de ser assim sabem? É como uma inoculação de futuro sem considerações prévias sobre alergias potencialmente letais. Tem mesmo de ser assim. É que, este mundo "tão verdadeiro" de agora, oh sim, este mundo que se diz tão autêntico quanto o outro, o que é realmente, está tão cheio de malucos de circo, de viciados em segundos perfeitos nos lugares perfeitos, de festivaleiros de circunstâncias proveitosas que tudo acaba por ser só abrupto, só vício de imediatez,  só flor mal-cheirosa de curta gestação. A loucura nunca foi bem-vinda a este mundo, nunca. Vermo-nos cobertos, manietados quiçá, como se por cima dos ombros nos atirassem um rótulo gigantesco; louco! e já está, acabamos postos em fadiga descontente, para não dizer angústia. Vai-se ao passado buscar as fotografias da aparente normalidade, retoca-se o acne e o sorriso de infinitas possibilidades e publica-se, disfarçando tudo, como se aquilo fos