(...) Aqui em casa há um pátio, cobre-o um verde murcho por todos os lados; heras, madressilvas, pés de feijão-verde e tantos, tantos arbustos, todos secos e mirrados por falta de luz e de água. Pelo meio estão as canas beges e escamadas que o meu pai trouxe de um campo. Não se alimentam em condições os pobrezinhos, nenhum deles. Ao centro, sobrevivem dois limoeiros, tristemente secos também, despidos de qualquer amarelo. O meu pai pôs dois chapéus gigantes em cima dos limoeiros para eu poder visitar o pátio de vez em quando e observar o vai-e-vem atarantado das formigas. A minha mãe não gostou nada disto. Diz que as árvores não são gente para terem chapéus, que as formigas não são nada tontas e que os meninos como eu, deveriam era ficar dentro dos ninhos, resguardados. Depois dos limoeiros, e depois do muro, fica a doca do Libânio, que, por ser feita de pedras cinzentas tem sempre luz em abundância. Tenho tanta pena das pedras. É mesmo uma chatice isto da luz ser quente.