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A mostrar mensagens de março 13, 2022

A Revolta que me Encontrou.

  O meu desalento não cabe num só poema nem nas farpas ferrugentas do esquecimento que todos os dias me ferem os pulsos. Lentamente, deixei fugir palavras entre o sangue dos meus dias, e deixei a boca rasgar-se também, cortada em dois pelo medo puro do fracasso, cerzida na carne pelo fio aguçado do mau momento. E também deixei fugir o gosto do prazer e do assombro, e do desejo por infinito. Não me venham pois falar, de profetas, de heróis ou de sábios, ou dos vendilhões que me agoniam em cada palavra escrita não me queiram roubar o fogo às palavras, que é meu, tão meu, só meu, e não está à venda. Certamente, que deixei fugir palavras soltas pelas vielas da noite encontradas depois no brilho lúcido das manhãs, e já nada mais me aterroriza, o medo saiu inteiro deste corpo, e criou raízes na distância, onde o desdenho. Não, caros senhores nem se atrevam a pedirem-me que lute mais, em silêncio. Senhores eternos das verdade absolutas, A poesia não morreu! e de memória em memória De bocas

O Prazer.

Há uma infinidade de prazeres humanos.  Para mim, o prazer que me faz sentir humano, é o de um arroz de sarrabulho, acompanhado com os devidos suculentos rojões aconchegados com a tripa, o bucho e os demais companheiros, em uma obscura casa de pasto em Ponte de Lima (não vos digo o nome, pois não quero aquilo invadido por bárbaros, vulgo os comensais de Domingo, que lêem a " Time-Out " vez em quando e já se julgam ' gourmets '.) - Já tentei o sexo tântrico, a velocidade, o deboche da auto-destruição, o total desprovir e a graça do amor. Acabo sempre naquela travessa que cruza o vão de uma longa abertura entre a cozinha e a sala rústica onde se juntam os afortunados. Sei que provem das mãos de uma senhora mirradinha, do outro lado da fenda de criação. Sei-o, porque lhe antevejo a pinheira de bigode acima das mãos que conjuram aquele milagre de prazer. Há uma infinidade de prazeres humanos.  Encontrar o nosso, pode ser o caminho para a felicidade. Ainda que esta acarret

William Hurt

  William Hurt (1950-2022) Este é um daqueles actores que dificilmente não me arrastaria para as paixões inexplicáveis que sempre nutri por estranhos. Amei-o logo no primeiro filme que lhe vi: " The Big Chill " (1983 - Lawrence Kasdan) - Curiosamente, é também um dos filmes do ' top ten ' dos filmes da minha vida. - Provavelmente, não há nada de curioso aqui. Quase tudo me aproxima pessoalmente da história desse filme, porém, há uma particular preferência pelo personagem que o William Hurt interpreta entre aquele grupo de amigos. Senti logo uma afinidade inexplicável e destaquei-o logo ali, na primeira impressão. Depois, os anos 80 prosseguiram e acompanhei-lhe o percurso de personagens inadaptados que se tentam encaixar nas circunstâncias ocorrentes. O meu amor crescia a olhos vistos. Parecia que todos os papeis que ele interpretava me chamavam cá dentro. Era como se ele me interpretasse sempre a mim. E, a forma como ele os trabalhava ressonava demasiado para os igno

Antes de começares, já sangras.