O meu sonho atirou-se da janela, lá para baixo,
tão frágil, doente, tão débil, precisou de atenção.
Morreu assim. Coisa ruim da gosma de um mau rapaz.
A sua verdade encontrava-se por debaixo,
de um ataque, ou é uma estrela cardíaca em explosão,
Ninguém a viu, ali, tão desunida com aquilo de que se julgou capaz.
Enquanto a maioria esgalha e esgalha, e só se anima,
com raízes de vãs alegrias pelos vãos de escadas,
sémen em pó, de um pobre, triste optimismo,
eu definho e faço do corpo papel daquele que só lastima,
não ter conseguido chegar às tetas mais anafadas.
Morrinho uma brutalidade de fingido potente antagonismo.
Como as unhas que deixo crescer, como os assustadores pelos
laxantes, dos meus imaginários cascos,
grito a justa luta, bebo, e depois enterro-a toda na minha lama.
Jamais serei melhor do que sou hoje, não por vossos modelos.
O fim é um pote cheio de palavras e de entrelaçados laços,
apropriados poemas escritos na ponta da cama.
Jamais! Quando me dedicarei por fim aos meus próprios?
Onde encontrarei a minha saudosa chuva de Novembro?
Tiros de rajada, morrem-me mais ídolos todos os dias,
que os pretensos alguma vez os conseguirão escrever sóbrios.
Escrevi clássicos, ou não? Fui escritor...? Já nem me lembro.
Ando tão bêbado que só escrevo arrelias.
No meu aniversário gritei uma jura pela janela.
"Hei-de foder-vos todos, siconfânticos, nem que eu morra pelos pulmões!"
Passou já quase um mês e continuo vivo e desperto.
Não fosse por eles, a Clara, o Lucas, os pais e a minha 'Bela',
Teríeis uma estaca no lugar desses malditos corações.
Chegará um dia a noite, e eu serei seu filho dilecto.
In: "Uma velha de amarelo a empurrar um carrinho de compras"
2022
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