Avançar para o conteúdo principal

Os novos 'Apóstolos'.

 

Apostolar é a tendência.

Pouco importa sobre o quê ou se, de facto existe uma emergência racional a escalar o raciocínio que lemos ou escutamos daquilo que lemos ou que nos dizem. A acção é inerte e reflecte apenas uma necessidade egocêntrica; a de conseguir 'hits', 'likes', 'seguidores' ou, de algum modo preservar a intenção desnorteada de cavalgadura do interlocutor que a expressa.

A plêidade de impropérios expostos nestes dislates, jamais rivalizaria com a ordem segura de uma própria noção de realidade. São pressupostos não atendidos. Hoje em dia, nem tampouco necessitam de o ser. A desrazão evoluiu tal, que as oportunidades apetitosas de auto-promoção simplificam-se pela variedade de plataformas sociais onde poderão ser veiculadas.

Assim que, qualquer hominídeo com dois terços de um cérebro funcional, poderá, se assim o decidir, regurgitar seja o que for, sobre quem for, sobre toda a salubridade da razão e da sua proporcional harmonia com um arrazoado rumo de ideias trocadas a soldo de uma boa discussão racional.

É desconcertante!

Contudo, hordas de razoáveis adentram a 'batalha' pela honra da razão, muito provavelmente incertos de que a sua participação, não a contraria de todo, só adiciona mais incoerência, ao que já, por si só, desconjuga a sua própria intenção ao adentrar este conflito. Pior: evidencia-os, quase que os justifica, e ademais os põe par-a-par com a razão única.

É como uma horda imbatível, a desses rochedos desprovidos. É como um tsunami de estupidez que parede alguma feita de raciocínio consegue deter. Avança e avança até chegar ao núcleo da razão humana e aí a afoga sem misericórdia.

Vencer tornou-se impossível. Tornar razoável, muito improvável. Os novos apóstolos da auto-deferência são demasiados. A humanidade, fugiu da qualidade de pensar e refugiou-se no reduto da auto-promoção desvairada. Já não há filósofos, pensadores, ideólogos, valentes...só egos. Só uma caterva de egocêntricos que visa existir pela mera possibilidade de assim poderem.

Tenho medo. Tenho tanto medo do meu futuro!


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...

Acerca de Anderson's...

Hollywood é um gigantesco cadinho demente de fumos e fogos fátuos. Ali se fundem todos os sonhos e pesadelos possíveis de se imaginar.  Senão, atentem, como mero exercício, neste trio de realizadores, que, por falta de melhor expressão que defina o interesse ou a natureza relevante deste post, decidi chamar-lhes apenas de os " Anderson's ". Cada um mais díspar que o outro, e contudo, todos " Anderson's ", e abundantemente prolíficos e criativos dentro dos seus géneros. Acho fascinante, daí querer escrever sobre eles e, no mais comum torpe da embriaguez, tentar encontrar alguma similitude entre eles, além do apelido; " Anderson ". Começarei por ordem prima de grandeza, na minha opinião, e é esta que para aqui interessa, não fosse este um blogue intrinsecamente pessoal onde explano tudo e mais qualquer coisa que me apeteça. Sendo assim, a ordem será do melhor para o pior destes " Anderson's ".  O melhor : Wes Anderson .  O do meio : Pau...

O discurso do Corvo.

Eis-me aqui, ainda integralmente vivo e teu, voo ao acaso, sem saber por quem voar, por sobre rostos de carne, palha e infinito. Trago as mãos feitas num espesso breu, toldadas pela sede de te possuir e de te dar, o ténue silêncio, que é tudo aquilo qu'eu permito. As palavras, quando são poucas, sabem melhor, dizem tudo melhor, se forem poupadas. Abre os braços então, e recebe-as em teu seio, a secura desta terra já consome o sangue do meu terror. Já falei, e agora vou voar num céu de pequenos nadas, disperso no bando obscuro, mesmo lá no meio. De modo que, apesar da lucidez dos meus instantes, continuo sempre algures, no longo espaço que nos envolve. Nada temas destas mãos de cinza que já não tem dedos por onde arder, Eis-me para sempre, nos interstícios perdidos e distantes, desta paixão que é dada, e que não se devolve, e que é minha e tua, porque assim tinha de ser! Casimiro Teixeira 2012