A alegria parecia ter voltado há aldeia, as mulheres
cantavam canções de alegria, os homens dançavam alegremente, e até as poucas
crianças que haviam estado escondidas, voltaram com um sorriso de alegria estampado
no rosto. Os próprios animais, Zazus, aramis e Lunas, e Gaspachos e Zippos e
todos se juntavam em redor de Rodrigo, o salvador da aldeia, mas este não
mostrava uma cara alegre. Rodrigo não descansaria até por fim à existência do
malvado Dragão que ainda podia muito bem voltar e pôr fim a toda aquela
alegria.
Não descansarei até pôr um fim na existência daquele
malvado Dragão. - disse ele.
Mas ninguém o ouviu, as pessoas rapidamente esquecem os
medos passados quando o presente lhes parece seguro.
Foi então que Rodrigo sacou novamente da sua espada
mágica e disse: - Ouçam todos, não dancem, nem cantem ainda, pois o mal não
descansa. O Dragão ainda existe, e em qualquer altura ele pode voltar. - Por
fim, todos se calaram e lhe deram ouvidos. - Fabio, voltará. - Continuou o
rapaz. - E quando ele voltar há-de me levar ao covil do Dragão, onde eu porei
fim a este mal que há tanto tempo vos aflige. Aí sim, poderão festejar, cantar
e dançar, porque então, estarão os vossos filhos vingados.
Os aldeões nem queriam acreditar no que estavam a ouvir,
como é que que um rapazinho tão pequeno e vulnerável como aquele podia ser tão
corajoso? Era mais do que eles poderiam esperar, mas deram-lhe ouvidos e
pararam os festejos, sentando-se todos em volta de Rodrigo admirando a sua
coragem.
A noite caiu, e sem notícias de Fabio. O menino herói,
começava a ficar preocupado com o seu amigo há tempo desaparecido. Teria sido
apanhado pelo malvado Dragão? - Pensou.
Mas não tardou muito até que as suas dúvidas se
dissipassem, pois no céu da noite, ao longe, muito, muito ao longe ouviam-se
vozes celestiais cantando, um canto tão belo e tão celestial que nunca poderiam
vir de um cavalo.
Todos se levantaram e ergueram os olhos para céu,
tentando descobrir de onde viria tão belo e celestial canto.
Mas nada, nada surgia no horizonte da noite, até que:
Esperem. - Grita um dos aldeões – Olhem, ali!
E todos se viraram na direcção para onde ele apontava.
Serão estrelas cadentes? Bolas de fogo do Dragão? O que
será aquilo?
O que todos estavam a ver, eram pequenas luzinhas
tremelicantes no céu escuro, mas luzes que se moviam, e com elas o canto belo e
celestial que as acompanhava.
O que será aquilo? - Pergunta Rodrigo.
Até que as pequenas luzinhas brilhantes, se foram
aproximando,mais e mais e mais, até ficarem tão perto que todos as podiam ver e
ouvir claramente.
Fadas! - Exclama o rapaz.
Olá Rodrigo – Diz uma das fadas. - Viemos buscar-te.
Os olhos do rapaz brilhavam de fascínio com aquelas
criaturinhas tão belas e celestiais.
A mim? - Finalmente conseguiu dizer.
Sim,a ti. Conhecemos a tua demanda e viemos para te levar
a quem te pode ajudar.
A um feiticeiro? Um feiticeiro bom?
Sim, o maior e mais poderoso de todos. Ele também não
gostou do que Gorgon fez com a Princesa Lia, e sabe dos esforços que tens feito
para a ajudar, portanto ele decidiu ajudar-te a salvá-la. O que achas?
Mas isso é maravilhoso, e quando o posso ver?
Agora mesmo se quiseres. Viemos te buscar para te levar a
ele.
Agora? - Exclama o menino, desiludido. - Mas agora não
posso, tenho de esperar pelo meu amigo Fabio, e prometi algo a estes aldeões.
O Dragão, Rodrigo? É disso que falas? - Questiona uma das
fadas.
Sim, exactamente. Tenho de lutar com ele, eu prometi. Mas
como é que sabem disso?
Ora Rodrigo, nós somos fadas, sabemos de tudo. Não tens
de te preocupar com o Dragão ou com o teu amigo, vais ver que tudo se resolve.
Mas eu prometi. - Exclama Rodrigo, apontando para os
tristes aldeões.
Sabes, és um rapazinho muito especial – diz a fada – e
não vamos esquecer disso. Anda, vem connosco.
Está bem, eu vou, pela Princesa,eu vou. Mas prometo
voltar – diz virado para os camponeses. - Hei-de vos livrar daquele Dragão mau.
As fadas rodearam-no, fazendo círculos à sua volta, até a
luz que emitiam ficasse tão forte, tão forte que o menino também parecesse
feito de luz, e depois, um milagre aconteceu, Rodrigo pode voar também.
E lá partiu céu fora, com as fadas, tendo começado estas
novamente a cantarem uma canção tão bela e celestial que ele quase que se
sentia feliz.
Voaram por sobre a aldeia, sobre florestas antigas e castelos abandonados, passaram pela grande cidade de Tombo, pelos caminhos dos peregrinos, pela escola de guerreiros de Bassini o Grande. Atravessaram o Oceano da Lua Nova, e chegaram quase até ao fim do mundo, mas aí viraram à esquerda e tomaram outro caminho.
Uma terra nova e fantástica, cheia de luzes brilhantes,
fontes de água cristalina que brotavam do próprio chão, criaturas magnificas
que passeavam livremente por todo o lado, mas sobretudo, crianças, muitas crianças,
eram tantas,tantas, que parecia que todas as crianças do mundo se tinham
juntado ali, naquela terra mágica, onde das montanhas escorriam rios de
chocolate, e as planícies pareciam cobertas de bolacha baunilha, e todos os
meninos e meninas que lá embaixo brincavam tinha um amigo e um brinquedo e um
animalzinho amoroso que brincava com eles também. Era o Paraíso das Crianças.
As fadas então fizeram-lhe um sinal, apontando para um
Castelo Multicolorido e Reluzente, começaram a dirigir-se para lá. Foi quando
Rodrigo se apercebeu que todo o Castelo era feita de gomas, de todas as formas
e tamanhos, de todas as cores e sabores, e em redor do Castelo nos jardins de
menta e alfazema, também brincavam muitas crianças.
Até que entraram no castelo, por uma ponte alcochoada com
bollycaos e entraram por um grande portão de açúcar granizado com rebites de
pintarolas a adorna-lo.
Como é possível existir um lugar assim? - Pensou Rodrigo.
Mas existe meu querido, existe
para aqueles meninos bem comportados, que ainda sonham com lugares como este. -
Responde-lhe a Fada.
Mas eu não disse nada, eu só..
Eu sei, eu sei. Mas não te podes esquecer que este lugar
é mágico, e o que tu pensas, todos ouvem.
Dentro do Castelo, tudo ainda era mais maravilhoso,
crianças corriam alegremente por todo o lado, fontes de sumo de mil frutas
diferentes jorravam aqui e ali, onde pudessem saciar a sede de alguma criança
cansada pelas correrias. Todos que passavam, cumprimentavam-no
Olá Rodrigo, estás bom? Olá, como estás? Ou Olá, queres
vir brincar?
E Rodrigo esteve tentado a fazê-lo várias vezes, mas as
Fadas encaminhavam-no firmemente para um sítio ainda mais especial. A Sala
mágica do Feiticeiro.
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