Avançar para o conteúdo principal

Onde andam estas mulheres bonitas? - VI

Durante o seu breve, mas riquíssimo esplendor de glória, pelos finais dos anos 80, princípios de 90, a banda BAN gravou três discos de enorme sucesso, cujos temas depois acharam por bem repetir em compilações e 'best off's' pelos anos 90 fora até chatearem toda a gente e por fim desaparecem justamente, e depois reaparecem em 2010 sem razão aparente.

Apesar de tudo que evidenciaria o contrário, sempre gostei dos BAN. Intrigou-me demasiado aquela displicência incoerente das letras e o ritmo pop cheio de outras influências transviadas que diziam a época toda em pequenas grandes canções emblemáticas que jamais haveriam de ser. Aquilo fervia-me e fazia-me canta-las. E, se as canto, gosto-as.

Porém, e como diria a histérica pindérica dos concursos lixo: "Isso agora não interessa nada..."

Até aqui está tudo dito, excepto por uma coisa muito, muito  especial. - Aquela rapariga maravilhosamente linda que apareceu não em um, mas dois vídeos tristes dos BAN que decorrem em um barco a vaguear à deriva (penso eu...) ou pelo rio Douro, ou pelo patrocínio da "Dourazul", que é quem gere estes ditos barcos de lazer

Em "Dias Atlânticos" e "Mundo de Aventuras", uma rapariga morena de t-shirt preta, casaco de ganga e outro castanho por cima, com óculos de sol a ajeitar~lhe as melenas entrançadas em cachos de soberba, dança nestes barcos, muito ao jeito desajeitado que nesses anos se dançava - é uma coisa geracional, não levem muito isto ao peito, éramos todos desconcertados de movimentos por essa altura - todavia, cada rodopiar do seu cabelo, cada jeito mal ajustado das suas ancas, cada olhar lançado ao vazio daquelas letras insípidas, cativava e salvava o ridículo de tudo em uma resma de iluminação inusitada.

Desde o balanço absurdo do orgão de teclas que parece estar a tocar, mas não, passando pelos restantes intervenientes que claramente sofrem ou de prisão de ventre ou de irritação absoluta por terem sido arrastados para este desaire, até à própria existência do João Loureiro que é um emoji em forma humana, e nem digo qual...aquela rapariga é um autêntico refresco neste desolado deserto de criatividade.

Apaixonei-me por ela mal a vi, e sôfrego afirmo que o meu (estranho) apreço pelos BAN surgiu por sua causa.

Mas, que sei eu. Eu até gosto dos Delfins!





Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...

Acerca de Anderson's...

Hollywood é um gigantesco cadinho demente de fumos e fogos fátuos. Ali se fundem todos os sonhos e pesadelos possíveis de se imaginar.  Senão, atentem, como mero exercício, neste trio de realizadores, que, por falta de melhor expressão que defina o interesse ou a natureza relevante deste post, decidi chamar-lhes apenas de os " Anderson's ". Cada um mais díspar que o outro, e contudo, todos " Anderson's ", e abundantemente prolíficos e criativos dentro dos seus géneros. Acho fascinante, daí querer escrever sobre eles e, no mais comum torpe da embriaguez, tentar encontrar alguma similitude entre eles, além do apelido; " Anderson ". Começarei por ordem prima de grandeza, na minha opinião, e é esta que para aqui interessa, não fosse este um blogue intrinsecamente pessoal onde explano tudo e mais qualquer coisa que me apeteça. Sendo assim, a ordem será do melhor para o pior destes " Anderson's ".  O melhor : Wes Anderson .  O do meio : Pau...

O discurso do Corvo.

Eis-me aqui, ainda integralmente vivo e teu, voo ao acaso, sem saber por quem voar, por sobre rostos de carne, palha e infinito. Trago as mãos feitas num espesso breu, toldadas pela sede de te possuir e de te dar, o ténue silêncio, que é tudo aquilo qu'eu permito. As palavras, quando são poucas, sabem melhor, dizem tudo melhor, se forem poupadas. Abre os braços então, e recebe-as em teu seio, a secura desta terra já consome o sangue do meu terror. Já falei, e agora vou voar num céu de pequenos nadas, disperso no bando obscuro, mesmo lá no meio. De modo que, apesar da lucidez dos meus instantes, continuo sempre algures, no longo espaço que nos envolve. Nada temas destas mãos de cinza que já não tem dedos por onde arder, Eis-me para sempre, nos interstícios perdidos e distantes, desta paixão que é dada, e que não se devolve, e que é minha e tua, porque assim tinha de ser! Casimiro Teixeira 2012