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Acerca de Anderson's...

Hollywood é um gigantesco cadinho demente de fumos e fogos fátuos. Ali se fundem todos os sonhos e pesadelos possíveis de se imaginar. 

Senão, atentem, como mero exercício, neste trio de realizadores, que, por falta de melhor expressão que defina o interesse ou a natureza relevante deste post, decidi chamar-lhes apenas de os "Anderson's".

Cada um mais díspar que o outro, e contudo, todos "Anderson's", e abundantemente prolíficos e criativos dentro dos seus géneros. Acho fascinante, daí querer escrever sobre eles e, no mais comum torpe da embriaguez, tentar encontrar alguma similitude entre eles, além do apelido; "Anderson".

Começarei por ordem prima de grandeza, na minha opinião, e é esta que para aqui interessa, não fosse este um blogue intrinsecamente pessoal onde explano tudo e mais qualquer coisa que me apeteça. Sendo assim, a ordem será do melhor para o pior destes "Anderson's". 

O melhor: Wes Anderson

O do meio: Paul Thomas Anderson

O pior: Paul W.S. Anderson

O percurso entre estes três realizadores vai desde filmes genialmente construídos em pura memória visual e quase surrealista, pintados em cores terra de grande beleza, e dramas familiares que nunca nos afastam, como é o caso de "The Grand Budapest Hotel" Wes Anderson 2014, passando pela justa e magnífica dificuldade de impressionar um público habituado à falsa pudicía em uma história passada ao ecrã na demanda do cinema adulto que, é tabu para todos, mesmo que todos o saibam de cor, e que resultou na extraordinária película "Boogie Nights" Paul Thomas Anderson 1997, até aterrarmos no universo de horror adaptado de um jogo celebrado "Resident Evil" Paul W.S.Anderson 2002, que chegou já à sua 7ª conversão sequela, ainda que a última instância desta "Resident Evil: Welcome to Raccon City" 2021, nem seja realizada pelo afirmado "Anderson".

Apesar de todos os floreados que lhes atribuo, de todos os eufemismos e hipérboles com que os descrevo, há efectivamente uma linha condutora que une estes três "Anderson's", e essa linha é o estilo. Quer gostemos ou não, a verdade é que cada grande, cada realmente grande realizador, impõe um estilo próprio em seus filmes. Se falarmos de Hitchcock, de John Ford, de Scorsese, de Woody Allen, saberemos obviamente de que estilo cinematográfico estaremos a falar. O mesmo ocorre com estes três. Cada um destes "Anderson's", todos eles, se empenharam em refinar o seus próprios estilos e imbuí-los constantemente nos seus filmes.

De tal maneira que, sempre que um novo filme de um destes três artistas visuais surge, é imediatamente reconhecido como sendo do seu autor. Ora, isto é muito importante; independentemente da qualidade ou do interesse que cada um destes filmes suscitem, o facto de os seus criadores não estarem dispostos a abrirem mão da sua forma de os realizarem, em efeito, de os impregnarem com os seus estilos tão característicos, é fundamental.

Poderia alongar-me ainda mais, e definir cada um destes estilos, individualmente, dissecando-os e aprofundando-os academicamente, porém, isso talvez venha a ser matéria para futuros posts mais detalhados. Este, em particular, serve mais para vos provocar ânsias de descobrirem ou re-descobrirem estes três directores, cada um deles com extensas cinematografias muito interessantes de visitar ou revistar. Um, dois ou três "Anderson's", serão sempre relevantes de visionar, ainda que, e aqui tenho de impor a minha opinião, a ordem prima é fundamental. Talvez comecem pelos trabalhos do Wes Anderson e vão seguindo em diante pelos dos outros .


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