Fui e sempre serei um 'geek'! - Cresci com o universo marvel nas revistas que lia em um quase arrebatamento do espírito em crescimento. O mesmo aconteceu-me com "Star Wars", e com praticamente todos os bons franchises que me animassem a vontade.
Quando este universo em particular, (marvel), surgiu finalmente em forma de cinema, exultei-me, obviamente. Mais ainda quando tudo se foi compondo em uma determinação de lhe incutir um percurso coordenado e sensato. Aquilo que ficou conhecido como MCU (Marvel Cinematic Universe).
A interacção pareceu-me perfeita. Eles faziam os filmes e eu deliciava-me com os mesmos. Isto decorreu pelo que foi denominado por fases. As 4 primeiras atingiram-me os nervos certos e agarraram-me de tal maneira que mormente uma falha aqui ou ali, não me predispus a matar o amor que lhes tive.
Foi uma espécie de idílio, até a DISNEY flectir os músculos financeiros que arrebanhou sabe-se lá como, e começar a comprar tudo o que faz um 'geek' feliz, decidindo ganhar dinheiro, muito, muito dinheiro... - que estranho conceito? - Neste entretanto foi arruinando tudo de bom que vinha se compondo neste universo, nessa ventura tão promissora dos estúdios que Stan Lee ajudou a formar e depois entregou ao 'vendido' Kevin Feige de mão beijado, pouco antes de morrer.
Até aqui, tudo bem suponho, excepto pelo facto de que as linhas das estórias se foram corrompendo e o que parecia acertado se tornou meramente capitalista. Desinteressante. Os Vingadores, que eram o cerne deste universo, fizeram o seu percurso. Alguns morreram, outros envelheceram, outros apenas foram dirigidos para os seus próprios universos, focando-se em outras linhas de estórias que apenas se destinavam a perpetuar a propriedade intelectual da DISNEY em séries de TV que nada realmente acrescentavam, só adicionavam conteúdo à plataforma de streaming, DISNEY +.
Acumulações de bosta, sem interesse nenhum, sem ganchos para as leais legiões de 'geeks', os verdadeiros fãs, os reais e assumidos criadores deste universo, deste universo que só pensou em dinheiro e morreu por isso. A fase 5 do MCU, vem produzindo os piores filmes e séries de sempre. A rival DC sorri por este 'faux-pas', quase como a PEPSI sorriu nos anos 90 quando a COCA-COLA lançou a incrivelmente falhada 'New Coke'. A analogia remete-nos à falha abissal que a COCA-COLA company cometeu por mera sobranceria. A DISNEY está a fazer o mesmo, alienando aqueles que lhes concederam os biliões que agregaram graças a este universo.
Isto é um erro colossal!
A DISNEY já esteve às portas da falência pelos mesmos motivos, e, mesmo agora que parece invencível o mesmo poderá acontecer-lhe. Não há Corporações invencíveis. Somos nós que os tornamos grandes. - Pode parecer-vos ingenuidade, mas é uma verdade certa como um punho.
Neste desastre galopante que a DISNEY vem perpetuando com o MCU, a única excepção, à data, é a última adição na trilogia dos filmes dos "Guardiões da Galáxia."
De todos os filmes e séries, lançados nesta 5ª fase, este é o único que se esforçou para cimentar a ponte entre esta filosofia desenfreada de ganhar dinheiro e a satisfação dos fãs legítimos, os que compram bilhetes de cinema e pagam religiosamente as prestações das plataformas de streaming. Em última análise, aqueles que realmente sustentam este modelo de negócio, modelo, que bem analisado, está destinado a perecer até que perceba quem o sustem.
"Guardiões da Galáxia - Vol. 3", é um filme que faz jus à sua genialidade. Constrói-se no passado e na correlação da história dos seus personagens ao longo da linha do tempo que os edificou. Simultaneamente centra-se revisitando as origens de um dos seus personagens principais: "Rocket", e usa-a como base para desenvolver a estória do filme. Mais, fá-lo de forma a que todos os personagens, mais alguns adicionados, tenham o seu tempo próprio, surjam elevados, bem desenvolvidos e empáticos.
Empata não é apenas a "Manthis", são todos, neste último filme deste grupo de controversos mal-ajuizados que se sobrepõem para saltar estereótipos e se tornarem realmente os heróis da galáxia.
É mais um grande filme na trilogia dos "Guardiões", que além das suas participações no decurso do MCU, são uma expressão muito particular deste universo, uma que, provavelmente, a DISNEY/MARVEL, jamais pensou vir a ser tão bem sucedida, ou tão lucrativa, visto tratar-se de um grupo que nunca foi muito bem atirado às revistas, (pelo menos, não em Portugal).
Contudo, e muito derivado pela visão do seu realizador JAMES GUNN, esta série de filmes, e a forma como foram construídos, granjeou uma legião de adoradores que atravessam as barreiras da nostalgia e fazem acontecer o seu tremendo sucesso. "Guardiões da Galáxia", tornou-se fenomenal desde o 1º filme. - O uso bem esgalhado de uma criteriosa selecção de grandes temas musicais dos anos 60 e 70, estultamente colocados em pontos-chave da narrativa, contribuiu por demais para este sucesso. - Com estes factores todos alinhados e bem orientados, conseguiu a proeza incrível de assim permanecer até ao seu 3º. - Isto é muito raro!
A razão talvez se deva à riqueza dos seus personagens, bi-dimensionais todos, mafarricos e anjos, putativamente esculpidos como humanos (mesmo que 99% destes nem o sejam) e à forma como estes interagem connosco. Imediatamente sentimo-nos afim com todos, amigos à nascença. Aconteceu aqui uma mina que não precisou de grande exploração. Esteve tudo sempre bem exposto. JAMES GUNN, que curiosamente, é parte importante do universo DC, vingou sobretudo no seu rival, e que até à data do "Guardiões Vol.2" esteve para ser despedido do franchise, impôs-se e conseguiu a difícil tarefa de lutar contra um gigante impiedoso (DISNEY) vencê-lo e provar o erro da sua decisão em purgá-lo da MARVEL.
Na minha opinião, neste momento é o único realizador 'MARVEL', que mantêm este universo aceitável. Tudo o resto é lixo financeiro.
A vida é incrivelmente instável.
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