Avançar para o conteúdo principal

Saudades de ver bons filmes (XXIII)

 

Três génios em uma só entrevista...



Considerando o acervo, ponto por ponto, destes três cineastas aqui entrevistados, torna-se impossível não fazer um apanhado do que de melhor se fez em cinema de 'terror', durante as décadas de 70 e 80 do século passado.
Nem vou perder tempo a enumerá-los, a lista seria longuíssima, em especial no que diz respeito a John Carpenter e David Cronenberg. Já Landis (John) fez deliciosos desvios pelas comédias, inclusive os seus grandes momentos de horror, deambulam igualmente por esses meandros cómicos.
Será talvez difícil, nos dias de hoje, ressalvar estes pioneiros que provavelmente já poucos conhecerão, e, ainda menos terão admiração pelo corpo do seu trabalho. 
Acreditem. Estes homens, e mais alguns que lhes são anteriores mas contemporâneos, como George A. Romero e Wes Kraven, todos eles cinéfilos, admiradores do passado que lhes motivou e incentivou, que lhes inspirou a pujança para desbravarem um género que, apesar de omnipresente por quase todas as décadas do cinema - como tão bem diz John Landis - parecia destinado ao escalão B ou Z das categorias cinematográficas pós anos 60, foram os seus precursores, e, senão mais, merecem esse crédito.
Este particular género de cinema foi sempre o mais experiamentalista de todos, todavia, após as décadas de 30 e 40 com os filmes da Universal, e também depois do evento dos filmes dos estúdios Hammer nos anos 60, o cinema de terror, estagnou em uma fórmula exausta que poucos sustos já fazia.
Surgem então estes três indivíduos e aquilo que produziram ficou para sempre no imaginário de todos. Estas duas décadas, e no que ao horror diz respeito, para sempre carregará as suas marcas. Quase todos os seus filmes, por uma razão ou outra, se tornaram filmes de culto. E, em boa verdade, a grande maioria deles merecem-no intrinsecamente. 
Falo de filmes que repetidamente foram emulados, repetidos, amalgamados em menores matérias, por vezes até copiados quase até ao limite do plágio. Menciono o trato com que as suas obras, pelo futuro fora, foram re-aquecidas em um distrate claro e rendido ao lucro apenas, abandonando a sua genialidade e cuspindo apenas fac-símiles de grandes filmes que jamais conseguirão ser replicados.
E nem menciono as suas próprias influências europeias. Enormes cineastas como Dario Argento, Alfred Hitchcock, Lucio Fulci, Val Guest, Michael Powell e Frederico Fellini, que lhes impregnaram o imaginário e subsequente carreira.
São todos pequenos génios que me agarraram desde o primeiro filme, e que continuam a amarrar-me à sua premissa: o dinheiro não importa, só a criatividade!




Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

O Incidente de Plutão (Parte II)

Continuação... Xavier sonhara o corpo de uma loura por semanas, nos intervalos em que se convencia a si mesmo que a amava porque sim. Mas que desacato. Não tinha heroísmos em part-time para dar a ninguém e por isso se pusera a fazer teatro no fim do trabalho como forma de não se maçar a si mesmo. Era um salto à vara espantoso, se de tantos lados que procurou socorro, este lhe chegasse através desta mulher. Doroteia, vista pelos seus olhos era a mulher mais bonita da cidade, e ai de quem o  contradissesse. Não era que o dissesse a ninguém, de todos os modos só se queria deitar com ela e deixar-se adormecer ao seu lado como uma fera amansada. Era tudo matéria de sonhos. - E o que foi que tiveste de fazer pelo teu pai? - Arriscou a pergunta. Não foi pronta a sua resposta, apesar de se perceber na comissura dos seus lábios os indícios de um longo diálogo consigo mesma - precisamos de falar sem rodeios - ouviu depois o rapaz dizer. - Isto é, se queres que fique e te escute. Quer