Avançar para o conteúdo principal

Aquele coisa incómoda que chamam "A Noite dos Óscares".

Hoje é a longa noite dos Óscares. (não tão longa como me lembro de ser, mas enfim...) Sou e sempre fui daqueles que a seguem em directo. Os Óscares são a minha final da Champions. Sigo o cinema com paixão. Todos os cinemas, até este. Como não estar presente no seu dia maior?

Os Óscares são isto e aquilo, dizem por aí. Uma cerimónia que deve tudo ao fingimento e pouco à arte que o afirma. É capaz! Há uma decepção intrínseca que se lhe ajusta em quase todas as cerimônias. Senti isso mesmo em muitas noites destas. Porém, e como da América emerge o epíteto da noção mais abrangente de cinema, nunca cedi à ideia de petulância, do nojo desbragado pelo cinema mais cerebral. Fui sempre filho do cinema mais comum, o de Hollywood, e, por isso me atirei a seguir esta noite todos os anos.
Gosto de ver os intervenientes. Actores, realizadores, até os mortos que surgem na sequência memorial. Gosto de toda aquela montagem celebratória. Da 'panache' que só hollywood consegue encenar.
Gosto das tradições como da água fresca. A noite dos Óscares entrega-me a esse prazer. Nos anos 90 ainda se viam os actores dos anos 40 e 50 a aparecerem no panorama da cerimónia, feitos heróis de uma era desaparecida. Tudo isso me agradava e por isso fui ficando a assistir.
Os Óscares são, para mim, uma excelência anual que me satisfaz. Preciso dos Óscares como um adepto precisa da bola na baliza do adversário em uma final importante. É uma predileção que só admite um amor incondicional a algo. A uns diz respeito a tal, a outros, é ver umas pessoas que afirmam discursos tão elaborados e estudados que até dói. Pouco em importa. Sou filho deste mundo em vez de outro.
E, na verdade. Todos os mundos precisam dos seus próprios filhos para poderem sobreviver. Eu sou e estou neste. Na noite dos Óscares. No amor ao Cinema. Qualquer cinema! - Bem vindos os que vierem. A final é hoje!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

O Incidente de Plutão (Parte II)

Continuação... Xavier sonhara o corpo de uma loura por semanas, nos intervalos em que se convencia a si mesmo que a amava porque sim. Mas que desacato. Não tinha heroísmos em part-time para dar a ninguém e por isso se pusera a fazer teatro no fim do trabalho como forma de não se maçar a si mesmo. Era um salto à vara espantoso, se de tantos lados que procurou socorro, este lhe chegasse através desta mulher. Doroteia, vista pelos seus olhos era a mulher mais bonita da cidade, e ai de quem o  contradissesse. Não era que o dissesse a ninguém, de todos os modos só se queria deitar com ela e deixar-se adormecer ao seu lado como uma fera amansada. Era tudo matéria de sonhos. - E o que foi que tiveste de fazer pelo teu pai? - Arriscou a pergunta. Não foi pronta a sua resposta, apesar de se perceber na comissura dos seus lábios os indícios de um longo diálogo consigo mesma - precisamos de falar sem rodeios - ouviu depois o rapaz dizer. - Isto é, se queres que fique e te escute. Quer