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Ainda...os Óscares.

Adoro cinema. Vejo tudo, não quero parecer especialista, nem sou iconoclasta ou cinéfilo, não me entendo demasiado purista para passar adiante o lixo que se vai fazendo por todo o lado, e é tanto, tanto lixo que se faz...cada vez é mais. Hollywood está em queda. - Assoberba pela negativa!

Gosto tanto do cinema que vou retirando deste lixo, do meio-cinema que assisto, e que coloco em caixinhas minhas. Este é assim e aquele é assado. Isto é realmente lixo, nem chego ao meio. Isto, por seu turno é uma daquelas pérolas que ninguém promove, mas, que vale tanto a pena ver. Que guardarei, pois o futuro chegará para lhe dar o devido valor.

Isto é ver cinema. Vê-lo, no seu todo. Os que endereçam a sua atenção aos mesmos caminhos de sempre, jamais descobrirão aqueles pequenos tesouros, que, por vezes nos surpreendem. - Aos críticos de profissão, só lhes posso dizer isto: arrisquem mais!

Nunca assisto nas salas, porém. Receio as pessoas, o contacto com as pessoas, tenho umas pancas aqui e ali, e por isso, remeto-me a vê-los em casa, no conforto da minha descarada pirataria. 

Falemos então da última cerimónia do Óscares: para mim, os grandes filmes desta edição, foram aqueles que saíram a zero, na contagem de óscares recebidos: "The Quiet Girl," "Close", "Aftersun". "Eo," "Argentina 1985", "Triângulo da Tristeza", "A Voz das Mulheres", "The Fabelmans", "The Banshees of Inisherin", "Living" , "Ice Merchants". - Do melhor cinema que se fez em 2022, os tais tesouros que não atraem quase ninguém por falta de 'buzz', de devida promoção. Apanho-os a todos na minha rede e continuo a fazer as minhas listas, a atribuir os meus prémios pessoais.

Não há, nem pode haver, justiça na distribuição destes galardões. Hollywood é mais político que Washington. Desde a natureza da sua criação como força motriz de opiniões, Hollywood sempre foi dominada por judeus, chefes de estúdio, que o edificaram e que, igualmente existiram como refugiados de uma Europa que já não os admitia, isto amedrontou-nos até à submissão. Na sua tentativa de serem 'verdadeiros americanos', estes judeus do velho mundo, que controlavam os principais estúdios, desdobraram-se em vontades de agradarem à sociedade que tanto desejavam integrar. Assim, foram fazendo os filmes que achavam que a esta melhor lhes servia.

E ainda o intentam!

Por isso o cinema de Hollywood chegou ao que chegou; uma xaropada ajustada ao politicamente correcto, que muito provavelmente nem o comum americano os quererá ver, sentindo-se porém aconchegado na ideia de que estes desastres lhes são especialmente dedicados. E talvez até sejam. Há medida que a subida do índice de estupidez alastra, acompanham-na o declínio das formas de entertenimento, sendo o cinema a sua figura de proa.

Os filmes estupidificam-se para fazerem jus ao seu público-alvo. Os Óscares são apenas a confirmação em 'primetime' deste fenómeno. Confirma-os e asseguram o futuro do negócio, trazendo mais gente às salas para perpetuarem este cisma. Este lixo de luz e celulóide rende biliões, e, já se sabe, em equipa vencedora, não se mexe. De modo que, em um futuro próximo não se assistirá a grandes mudanças neste modelo de negócio. Películas como "Everything Everywhere All at Once", "Avatar: The Way of the Water", "Top Gun: Maverick" e "Black Panther: Wakanda Forever", tem toda a licença de existência, em um ponto de vista de puro entertenimento (que nem isso conseguem...), contudo, trazê-los aos Óscares e premiá-los assim, cria aquele síndrome da bola-de-neve, que inevitavelmente arrastará esta instituição, Academy of Motion Picture Arts and Sciences, para a amargura solitária que merece.

Atentem no filme do Spielberg; "The Fabelmans", um meta-retrato perfeito do que Hollywood implica, banhado naquele fulgor tão próprio deste realizador. Aquela inocência sempre presente com que comunmmente fez carreira, desta feita virada para si mesmo, para a sua história pessoal, que tão bem se imiscui com a própria história de um Hollywood mais romantizado, ou se preferirem, do "sonho americano". É francamente um bom filme, comercial e melodramático como invariavelmente são quase todos os seus filmes, mas o homem sabe filmar e também sabe escolher bons projectos para o fazer. O facto de ter feito um filme auto-biográfico que muito fará pela inspiração de futuros jovens cineastas é de somenos. O facto também de já ter ganho praticamente tudo o que havia para ser ganho nesta indústria, também. A verdade é que este, seria um filme perfeito para arrebatar o troféu de melhor filme. O retrato ideal para compor a minha parede de fotos de filmes que ganharam este prémio. - Não o foi, na realidade, das 7 nomeações que detinha não vingou uma que fosse. - E porquê? Porque Hollywood, a Academia, todo aquele enredo medonho de gente que manda e faz acontecer, achou que o inclusivo é o que vende, o lixo é o que pedido, assim que o ignorou completamente, a este a outros grandes filmes que se acabaram ou nas meras nomeações, ou nem isso.

Este é o retrato actual de Hollywood, e é preciso combatê-lo da única forma que eles entendem. Não indo às salas assistir a esta degradação, não nos mostrarmos tão estúpidos quanto eles pensam que somos. Temos esse poder, e colocando-o em prática, haverá mudanças, acreditem.

Mexam-lhes nas carteiras e eles mudarão de estratégia. Talvez para pior ou quem sabe, para melhores produções cinematográficas como nos presentearam por décadas e décadas desde que este cinema se assumiu como adulto.

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