Soa-me tão estranho ter tantos poemas espalhados por tantos livros não publicados. A dada altura, já nem bem sei de que livro é este, ou para que livro escrevi aquele...Escreve-se e depois encaixa-se onde nos apetecer. Há, talvez, uma clara liberdade na obscuridade!
Um dia, todos estes poemas estarão ocultos em um disco duro, com proteção de 'password', e dificilmente alguém conseguirá re-purga-los para o mundo. Nesse dia estarei já morto e tudo isto não passará de um fútil exercício de egocentrismo.
A questão fundamental é: para quê?
Faz tempo que deixei de acreditar no 'pai natal' e na noção de que se escreve por que tem de ser, é um imperativo fisiológico que escapa à razão. Ontem mesmo, tossi tanto que me pareceu sentir um dos pulmões a fugir-me pela boca. Para quê tudo isto então? - A eternidade? O legado? - Tretas!
Todos estes poemas, contos, novelas, romances acabarão em um imenso descampado de lixo. Serão lixo, nada. Até estes pensamentos o serão. Ninguém, jamais virá inspecionar um blog acintoso, concentrado em mim, onde só mal se explica a razão de eu ser assim. No fim, tudo se torna irrisório, banal até, e por muito que anseie em vida esse reconhecimento futuro, sei que não acontecerá, porque é da natureza humana sentir comiseração momentânea, apenas, e não fazer nada por isso. A posteridade só existe para as 'putas'!
A questão relevante permanece pertinente: Caralho!
É tão estranho isto, tão estranho...centenas de poemas, de pequenos textos, de alguns contos tão bons, dois ou três romances intrigantes, arrojados à insipiência da maioria. Sei haver quem me lê aqui, de já, vos deixo um eterno agradecimento, e não estou a abrir as pernas por isto, é realmente extraordinário haver quem me leia e só posso me sentir grato por isso. Porém, o que será de tudo isto quando eu morrer?
Nada!
Na Segunda mijei um rim que me passou pela parede do suicídio e surgiu à luz do dia como se me quisesse dizer 'olá' ou 'vai-te foder'! Nesta altura da minha vida não lhe encontro diferenças.
Para quê então, para quê?
Um dia, breve, escreverei o meu último poema, e advirto-vos já, nunca será tão importante quanto aquele que escrevi em Maio de 2015 ou em Setembro de 2021..será apenas mais um, só que este, será o último, e pergunto-me apenas: haverá alguém que se aperceba disto?
Este, é que é o meu legado.
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