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Contra os canhões, defenestrar, defenestrar...

 


Sou e serei sempre pela Paz graciosa e pura, mas este dia recorda-me tempos em que até aos mais mansos lhes saltou a tampa.
Intriga-me esta ideia cimentada de sermos um povo de "brandos costumes"; recalcarmos tudo numa massa interior e cozemos cá dentro o aziago pão, em total silêncio de acções resolutas. - Intenica-me isto. Intenica-me tanto. (gosto desta palavra intenicar. É açoriana e muito bonita) - A Democracia é um bom conceito, é sim senhor, mas, vez por outra precisa da proverbial palmatória, para não sair dos eixos.
Em que exacto momento da nossa História nos tornámos assim tão serenos e domesticados?
No 1 de Dezembro de 1640 pusemos travão à leda placidez de 60 anos de sermos murcões e ajuizamos uma vontade colectiva posta em acção. Isto sim, é a verdadeira Democracia. Pois, quando esquecidos da devida reprimenda merecida, os mafarricos do passado retornam. retornam pois. Outras caras, outras palavras, outras filosofias mal disfarçadas, o fito porém, será sempre o mesmo. Valerem-se a eles, em vez de mostrarem ter algum valor para o País que os elegeu.

Disparámos sobre o falso Primeiro-Ministro (Miguel de Vasconcelos) matando-o e depois arrojando-o janela fora, defenestrando-lhe o corpo vil pela rua só nossa. Pusemos o Rei espanhol a andar daqui para fora, com o rabinho mal lavado entre as pernas enfunadas. Fomos heróis como povo e para o Povo. Foi o mais próximo que conseguimos estar de uma Revolução Francesa.
Intenica-me portanto a manutenção desta ideia da brandura lusa como forma de controle. Como disse anteriormente, nunca fui pela violência, mas o verdadeiro futuro deste lugar maravilhoso depende da lição que legarmos.

Haveríamos de os defenestrar a todos para que nunca mais voltem iguais.

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