A razão de pensar que a vida tem uma finalidade será sempre um alicerce para a construção de um homem. Os observadores, que entendem esta razão como substância humana, facilmente a discernem perante uns mais do que em outros. Talvez seja esta a molécula da genialidade.
Se assim for, não tenho dificuldade alguma em apontá-la neste senhor:
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Hayao Miyazaki (1941-2018) |
Desde pequeno que gosto de banda-desenhada e de filmes de animação. Ao crescer, felizmente que não perdi esta propensão, apenas a depurei, e os filmes saídos do mítico Estúdios Ghibli (Tóquio), do qual Miyazaki foi co-fundador em 1985, sempre me ajudaram nessa tarefa tão grata de me deixar simplesmente deslumbrar pelas histórias encantadas que foram produzindo ao longo dos anos.
Apenas para citar aqueles realizados por Hayao Miyazaki, recordo: "O Castelo no Céu" (1986), "Totoro" (1988), "Porco Rosso - O Porquinho Voador" (1992), "Princesa Mononoke" (1997), "A Viagem de Chihiro" (2001), "O Castelo Andante" (2004) e "Ponyo à Beira-Mar" (2008). Houveram outros claro, todos, mais ou menos repletos de brilho e fascinação. Histórias humanas extraordinárias produzidas naquele estilo tão próprio da animação japonesa (não manga), que lançam qualquer um a momentos de consciência, riso, choro, pasmo. Continuarão certamente a surgir outras vindas de Ghibli, só não terão mais a marca cintilante de Miyazaki.
Mais não somos que animais cansados, mas por vezes, graças à finalidade de vida de certos génios, permitimo-nos sonhar levados pelo seu encanto.
Os tempos andam injustos com tantas perdas preciosas que mais não fazem que nos abalar a capacidade de continuarmos a acreditar na nossa própria finalidade. Hayao Miyazaki é uma dessas duras perdas, um golpe forte na vontade do mundo de querer continuar a sonhar acordado.
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