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Stop!


Encaremos os factos: ninguém quer realmente saber. 
Se escrever mudasse cabeças, 
já tantas teriam caído há mais tempo
que as ervas daninhas
demoram a apodrecer
entre os espaços nulos do bem e do mal.
Já entendi, sim, eu percebi,
não me fazem nenhum favor
contra estas coisas minhas.
Estou tramado, como sempre estive de qualquer maneira.
Tenho dias de folha vazia, e outros de parecer escritor.
(nem sei qual o grande escândalo sobre isto, é usual). 
Uns dias escrevem-se ódios por canseira
outros não.
Outros são
cidades deprimentes, espreguiçadeiras
carícias de mãe, outros não.
Outros não
são
desintegrados alguns, golpeados e violados.
Tenho dias em que não me apetece correr nenhuma corrida
à altura impossível do frasco de biscoitos
outros são dias roubados
e outros ainda, enormes tesouras de podar
que mais cortam ao redor de mim mesmo.
Das coisas que me matam por igual
ressalvo as grinaldas do poder
crescendo sozinhas a favor desta frustração.
É um vagar que se ganha com a idade, 
é.
Deixar-me de alarmes falsos
e passar a herói de charneira.
aqui estou seguro, aqui estou seguro, aqui estou
sentado, e sei já que tudo passa. 
Chega a ser bonito isto. A auto-realização inactiva.
Só quando me levanto é que desabo
do alto da minha vida.
Leio um conto do Sartre e penso: ok, vou morrer! 
Que novidade. 
Já sabia isso pouco depois de nascer.
Até essa autoridade perdeu a graça.
Escrevo sempre o que ninguém vem ler.
Isto não é nenhum poema, digo-vos de verdade.
Surpreendam-me. 
Em seis anos pus a circular mais de um milhão de palavras
inúteis.
Cada sílaba uma prisão perpétua
cheia de selvagens e ansiedade.
Guardem os anjos e os demônios para dentro e mostrem-me pessoas ou
eufemismos.
Estes remoinhos são só meus
aborrecimentos
 por causa de um sinal de trânsito.

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