Meio adormecido por fortes drogas (legais?) que lutam contra a traição de uma gripe que insiste em não ligar à minha predileção pelo frio, e ataca e ataca-me em vagas sucessivas, fugi ao tabaco e meti-me a fundo por dentro do álcool e dos analgésicos, cheio de armaduras antipiréticas, descongestionantes nasais, anti-histamínicas, uma horda de absurdos químicos em forma de exército defensor que não derrota nada. Antes que desse por isso, entrei neste reino de poesia bela e surreal a cambalear de arrepios. A gripe é uma luz regular que nos foge do corpo, um calor normal que esmorece. Não pode. Não deixo. Hei-de vencê-la nem que seja por pura irritação.
Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...
Comentários
Enviar um comentário
Este é o meu mundo, sinta-se desinibido para o comentar.