Foi em Novembro, talvez
nos últimos dias
quando as coisas começaram a ficar demasiado tristes
sem qualquer razão especial.
Despiram-se todas as árvores arteriais
de uma vez
antes, tão cheias
de boas memórias sadias.
Aqui e ali, desafogado, um longe
ou alguma ideia peregrina já esfumada.
Está tudo mal
por estas amplidões espaciais.
Uma crepuscular penumbra permanente
de vida abandonada
no final da hora ou do dia ou do mês.
Foi por esta altura do ano que me ocorreram as modas defuntas
que o meu avô usou na mocidade
disto recordo-me por uma doce voz
julgo que do mesmo coração quente, cansado da viuvez.
Fatiga-me o olhar aquele descampado imenso
as pernas juntas
descosidas no cós
e o chapéu abaulado por uma só presilha sem idade.
Uma melancolia fotografada por três gerações.
Sentirei assim tal lembrança, e com tal afã
por almas cativas em retratos e poemas dispersos?
Não sei.
Foi este mês, quiçá, mês d'acalmia.
Não estou bem certo, pela mistura de tanta saudade
vestida em tantos desnudos corações.
Por via das dúvidas escrevi estes versos
para não o deixar só, para nunca ser tão vã
a nossa fraterna nostalgia.
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