Confesso que esperava mais arrepios no episódio de estreia da nova temporada (8) da série que me vem apaixonando aos repelões desde 2010, (The Walking Dead - TWD). Chegou potente e bem orientada no desenrolar da narrativa, mas não explodiu no ecrã, como é costume em um início, final, ou interlúdio de meia-temporada desta série tão rica em fait-divers, pormenores e até easter-eggs descarados. Nesta série maravilhosa que não é somente sobre zombies (desenganem-se), não é o terror do apocalipse que vem sendo aqui descrito à minúcia, mas sim a natureza humana, face às adversidades mais impossíveis.
Deixou-me em estado de anti-clímax, mas suponho que seria previsível que o fizesse, pois, a história precisa de ser construída e não apenas resolvida em um episódio de arromba. Como escritor, entendo isto, mas como 'seguidor', decepcionam-me os artifícios de um inicio que muitos aguardavam (após a apoteose da temporada sete) mais feito de queixos-caídos. Restou quiçá a quasi-homenagem aos fãs inveterados (como eu), que talvez, pela mera construção do que se poderá adivinhar por diante, Robert Kirkman e Greg Nicotero, os actuais produtores tenham sentido necessidade de consagrar. A versão resoluta de que, Rick, na verdade, está a sonhar tudo isto, e quando por fim acorda no hospital consegue orientar a sua vida para um presumível 'final feliz'. Não é este o rumo que pretendem dar à história, e este primeiro episódio (o episódio 100) abre vários percursos possíveis para o seguimento da história, mas é interessante, que dada a tão presente injunção dos fãs dentro da história, e atendendo que hoje em dia a força das redes sociais é quase omnipresente, os produtores tenham decidido incluir esse 'universo alternativo' na narrativa, para agrado das legiões.
É certo que, oferecido o estereótipo, presente no próprio título, da livre adaptação da Banda-desenhada com o mesmo nome, alguns a venham a ignorar como sendo apenas mais uma série de terror puro. É um erro. TWD, é muito mais que isto. Ao longo de sete temporadas, de Atlanta até à quinta, da prisão até Alexandria, a sua história vem desenvolvendo personagens pivôs, alguns que desaparecem, outros que crescem em importância, muito fieis à narrativa adaptada dos 'comics' de onde nasceram, alguns meramente colocados na história para lhe atribuirem acção. A verdade é que, TWD, é uma série de televisão, adaptada de uma banda-desenhada, sim, é. Mas, quando a história e as personagens são tão bem conseguidas, quando a adaptação da mesma é tão bem feita, e isto já advém do seu criador original; Frank Darabont, o resultado só pode ser uma série apaixonante que, ainda que por vezes decepcione em momentos marcantes, nunca falha em contar fielmente esta história de um grupo de estranhos que se tornam família para sobreviverem apesar de tudo. E este é o seu grande valor. A forma magnifica como este propósito é alcançado.
"The Walking Dead" é a história do ser humano que não desiste de o ser. Mesmo que tudo em seu redor já o tenha feito. E é isso que me mais me agrada. Apaixona-me mesmo.
Comentários
Enviar um comentário
Este é o meu mundo, sinta-se desinibido para o comentar.