Pequeno excerto do novo livro, que vai dando o trabalho duro que merece. Só para colher opiniões de quem as quiser dar.
(...)
Voltei à casa da Beatriz,
no dia do seu funeral, e trouxe todos os barquinhos de fantasia do comandante
Marques, receando que alguém, menos escrupuloso, os deitasse ao mar quando esse
cá chegasse. – Tenho cada vez mais o sentido da propriedade pelas recordações
dos outros, no caso particular de estas, fazerem algum sentido para mim. Foram
coisas muito preciosas, e eu, inexplicavelmente preciso da sua proximidade
física. - Alguns vinham dentro de garrafas, outros emoldurados em quadros,
muitos eram só meros ornamentos de bibelô – esses deixei-os sem remorso - a
maioria estavam em livros, ainda a navegar em boas histórias e esses,
sobretudo, eram os que mais me interessavam.
Seria necessária uma equipa a
funcionar vinte e quatro horas para impedir a selva de engolir cada detalhe dos
Marques, das batalhas marítimas à decadência do crochet, do relógio desprovido
de corda ao amor desarvorado. A natureza reclama o seu, pouco importa que seja aos
vivos ou aos mortos. (...)
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