Texto publicado hoje, no Facebook, ao qual ninguém ligou um caralho. São daquelas coisas triviais que já devia ter mais cabecinha que isto para não as levar a sério, mas levo na mesma. Sou irritante ao ponto de me levar a sério. São todos uns esmorecidos, eles não falam e eu só escrevo. Que coisa! Mas tenho as minhas suspeitas daqueles algoritmos. Suspeitas do género das teorias, de conspiração. - Pode ser que aqui pegue.
"Os bárbaros estão no meio de nós talvez porque os bárbaros somos nós. Começam a restar-me poucas dúvidas em relação a isso. É claro que também já tive mais certezas. O mesmo ram-ram de sempre. Por exemplo; há aqui um casal de vizinhos que passeia um par de canitos pela praça, todos os dias, várias vezes ao dia. Nada de extraordinário nisto, fora a questão trivial de um dos bichos ser mais espevitado que o outro. Aquilo parece um texugo bebé carregado da electricidade positiva daquelas pilhas que não acabam, corre, corre, corre...enfim, é óbvio que, tal criatura, vendo-se solto e ao ar livre o que deseja mesmo é pôr-se a explorar os limites dos arredores, a relva os carros as crianças do centro de estudo o raio dos atletas do fitness, vai tudo a eito pela curiosidade dentro. Bolas, se ser-se cão não for ser isto, o melhor é entregá-los já todos aos chineses para as ementas, e acabar-se com o seu sofrimento. Noto ser o bóbi sobejamente mais inteligente que os próprios donos, que distraem este bom tempo de interacção com os seus animais de estimação, limitando-se a correr atrás dele, não pelo gozo da brincadeira, mais como se estivesse iminente algum cataclismo terrível, bradando-lhe o nome pelo eco da praça até à rouquidão. Fazem isto todos os dias e várias vezes ao dia. Ora, a barbárie nem se fica por aqui. Quando o apanham ou o bicho se cansa e retorna, dão-lhe a proverbial sapatadinha no dorso, nada de violento, só um safanão para mostrar a soberania, que a ele lhe parecerá como: esta gente que se decida e que pare de uma vez de me chamar por aquele nome, que eu nunca fui amigo do Charlie Brown. - Basicamente, é isto. Mais uma sessão de gritaria, umas sapatadas e depois colocam-no no chão e começa tudo outra vez até ser hora de se recolherem a casa. Acontece que isto vem a ser, todos os dias e várias vezes ao dia, e eu estou sentado a uma janela aberta, porque é o meu sítio e portanto, aturo as barbaridades que assisto. Que remédio."
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