O Ministério Público acusou dezoito agentes da PSP da esquadra de Alfragide de "tortura, sequestro, ódio racial, ofensa à integridade física, comportamento cruel, degradante e desumano, falsificação de documentos, denúncia caluniosa e injúria agravada". Isto já vem detrás, de um caso ocorrido na Cova da Moura em 2015, um alegado assalto, e, como consequência, a acusação do Ministério Público parece ser muita coisa ao mesmo tempo, em um país onde nos habituamos a encarar estas situações como quem lança balões e não aguarda que aconteça grande coisa.
Agora aconteceu. E ainda bem.
Normalmente vai tudo para o arquivo morto e assim fica. Desta vez, não ficou. É bom que se mudem os paradoxos. Aparentemente, os rapazes foram severamente brutalizados e ficaram detidos dois dias sem motivo aparente. Que eu saiba, a Cova da Moura não pertence à Coreia do Norte, nem os agentes da esquadra de Alfragide, são interrogadores em Guantánamo. De modo que, isto é um caso sério, e pese embora, ser só para já uma acusação, ainda não uma condenação, já assim é um duro golpe, pois aqueles homens nunca mais irão ser polícias.
Importa que se perceba, que muitas vezes em zonas de risco, como é o caso, a tensão é constante e preponderante, mas daí a ensacar-se os actos de alguns, mesmo que muitos, com todos os restantes, acaba por ser perigoso. Tem sido assim, durante décadas. Desta vez não foi. De louvar a acção do MP, pois há que fazer-se tábua rasa, para que se sensibilize ambos os lados e também para que este caso, tão infeliz, acabe por servir um bom propósito de futuro.
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