Tenho clara noção dos haters que vou trazer contra mim ao escrever isto, mas tem de ser.
A canção dos irmãos Sobral que levantou a pátria onde Camões morreu de fome, faz-me uma certa espécie, sobretudo pela letra; um amante pede ao seu amante (que já não o ama) que volte, pois ele irá “amar pelos dois”, na vã esperança que, com o tempo, o amante “reconsidere” o amor perdido. Considero este tipo de “filosofia amorosa” prejudicial. Eu próprio tenho quase como arrumados os meus assuntos sentimentais, mas faço questão de ensinar aos meus filhos o exacto oposto, não vão estes acabar aí pelos cantos a fungarem amores perdidos. Coisa que dói muito ao coração de um pai.
Tendo em conta este meu ponto de vista, a música da Luísa Sobral tem um jogo harmónico muito semelhante ao que se escuta na bossanova, com sétimas e menores e menores de sétima e bemóis e sustenidos. Não é uma composição nada fraca, não senhor. Vou até mais longe, manifestamente arriscando atirar à consideração, coisas à laia de influências do Cole Porter e do Gershwin que para ali escutei. Portanto, antes de atirarem pedras, prestem bem atenção à letra e depois digam-me se não tenho razão.
A simplicidade é importante deveras, mas há que haver conteúdo de sentido no que se expressa.
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