As pessoas passam rápidas lá em baixo, porque eu canto mais alto do que o costume.
Quão estranha consegue ser esta fuga contra o absurdo.
Gatos felizes, cortinas corridas e uma barba a crescer sem freio.
Mal ponho um pé na rua, a minha vida é esta, uma jaula hermética,
concentrada no medo dos que fogem da minha voz,
e do terror de entenderem o meu deslumbrante meio.
Lutar...lutar...lutar...
a favor de tudo contrário ao que me querem mudar,
nesta democracia mentida de nos mostrarmos mais e mais...
É que, ainda não encontrei em mim nenhum dia pressuposto a ser mais acomodado
ao que pressinto ser o dia mais comum do atroz!
Quando deixar de ver ricos Jipes a transgredirem o espaço normal das crianças,
e a imensidão do fluente negócio franchisado de "rent-a-car"
talvez integre algum fileira ignóbil de filhos e pais,
juntos, (porque não?)
contra o mundo alterado
na minha janela de enormes sentidos desiguais.
Encolher-me-ei à minha habitual nulidade e deixarei de ser tão incómodo.
Jamais pretendo ser alguma espécie de humana ilusão.
Falo Jipes como quem diz "Likes".
A aceitação desmedida, transtorna-me demasiado.
É assim que se processa o mundo real na minha cabeça.
Eu, versus o que pensam ser normal.
Ou melhor: O normal desaba face à minha aceitação
do que é humano em geral.
O que é Humano em geral, não se presta ao que é comum para qualquer criança.
Logo, tudo é
combate...combate...combate...
Combate o que é normal até seres uma aberração inaceitável.
Só então ficarás sujeito a algum escrutínio.
Mas, nem todos os mais aberrantes passam neste crivo.
A maior parte acaba mesmo famosa, porque deu algum passo extra,
nalgum lodo primordial,
que nem sequer estava no guião.
Portanto, vejamos...
Queres ser somente uma meia-aberração?
Entre o que parece e o que é?
um peão abusivo a caminhar para o seu fim,
nesta instalação excessiva de tempo desaproveitado?
Entre a existência real e a vida desnecessária?
Entre seres luz e acabares nas páginas de tudo quanto existe na maior ficção de todas?
Ah, sim!
Um destes dias,
acabarei morto numa valeta, porque nunca quis ser adequado.
Convêm saber que o poeta, já não passa somente de um pé sujo
no corpo de uma ópera reduzida a uma só ária.
Ah!
É assim então que este corpo acabará tão desaproveitado?
Ok!
Compreendo por fim, o fim que me foi há muito ditado.
Idiota!
Idiota!
Idiota!
Como deve de ser.
Como deve de ser.
Como deve de ser...pois de outro modo matem-me apenas!
Miro Teixeira
(Quase 2016)
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