Avançar para o conteúdo principal

Antes queria que um Dinossauro me fosse ao cú!


O Povo diz sempre coisas muito bem ajustadas às determinadas situações, derivadas de milénios incontáveis de sabedoria popular acumulada. Exemplos são desnecessários aqui, pela sua redundância. Cada um integra o seu próprio povo interior, e por isto mesmo, cada um também açambarca a sua própria sabedoria hereditária.
Mas isto só vale se distante do "dia das mentiras" - por isso escrevo-o hoje e não ontem - Cada verdade pessoal necessita dessa distância ao teatro comum dos dias enganadores, que, infelizmente, já nem se restringem apenas ao 1º de Abril.
O Facebook (odeio-o ou odeia-me ele) é o melhor exemplo desta coisa insidiosa de se dizer sem alma de sabedoria passada, sem a constância de uma observação prolongada. - Diz-se. Dizem-se coisas e até há quem as justifique depois, por acreditar que uma justificação vale pela verdade, por trás da encenação primária do que foi dito de início.  
Esta estória de validade ignóbil, está repleta de campeões e detractores. Sem uma análise atenta, chega a ser impossível distinguir quem é quem, pois todos, derradeiramente, parecem iguais.
Invoca-se tudo e mais alguma coisa, sem se alcançar coisa alguma que seja verdadeira. Um bom exemplo é a poesia contemporânea; As palavras são o mais importante veículo de comunicação, de troca entre humanos, e podem marcar tão profunda e duradouramente uma relação como um gesto. Não existe quase verdade alguma nessas manifestações, só palavras atiradas ali como insistência do grotesco desafio de um palco. O teatro mais uma vez. Acaba sempre por ser tudo uma encenação mal dirigida. Parece que alguém foi designado responsável, todavia, depois surgiu algum descontente e contestou tudo, criando a cisão, o conflito.
Poder-se-á dizer que a sua opinião vale, que a sua criatividade conta. Contudo, de que adianta tudo isto se, num mundo demasiado rápido, os contempladores acabam comidos, em algum grosseiro desdém, por não saberem veicular afetos como os outros? Por serem individualistas e se sentirem constrangidos face a este mundo que quer, à viva força, ser tudo, senão isso.
Não dá para ser um normal humano num mundo de humanos "Marvel"! - Super-heróis para alguns, heróis para poucos, pessoas, para quase ninguém!
O enorme grotesco de tudo isto é a sua auto-derrocada consistente. Este modelo, quase como o do capitalismo, parece ideológico e perfeito, mas não vai durar. As mesmas pessoas que interiorizaram as suas próprias sabedorias da geração anterior, irão compreender que esta "gnosis" iminentemente imediata é tudo menos verdadeira. Estas pessoas, acabarão por interiorizar que o "Facebook" não as favorece, excepto se forem já famosas. O "Instagram" não as favorece, excepto se forem já famosas. O "Twitter" não as favorece, excepto se forem já famosas. Então, ou se assistirá à criação de uma nova rede social onde se possa realmente ser real, ou então, acabaremos todos "retro", ou "vintage", ou "famosos", um bando de desgraçados que a ninguém interessa por algum tempo mais longo.
De qualquer modo, acaba por ser um devastador axioma. Ninguém sabe como conseguir chegar a algum lado, tantas são as possibilidades, todos o desejam, poucos fazem por ser realmente eternos.
Eu, queria escrever as minhas coisas, encontrar alguém que nelas fizesse crença, e depois, existir para sempre nas vossas cabeças. Escrevo aqui e pouco mais. - Se o meu objectivo é o de me tornar famoso e pouco mais? Não, não é. O meu fito é o de existir, agora e para sempre. Pode ser assim?
O problema é que sou filho deste tempo. Um tempo errado para a minha empatia e criatividade. 
Um dia estarei morto.
Um dia serei visto como o paradigma que já sou. O "anacrónico".
Espero estar vivo nesse dia para me sentir tão morto quanto me fazem já.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

Três!

  Fui e sempre serei um ' geek '! - Cresci com o universo marvel nas revistas que lia em um quase arrebatamento do espírito em crescimento. O mesmo aconteceu-me com " Star Wars" , e com praticamente todos os bons  franchises que me animassem a vontade.  Quando este universo em particular, ( marvel ), surgiu finalmente em forma de cinema, exultei-me, obviamente. Mais ainda quando tudo se foi compondo em uma determinação de lhe incutir um percurso coordenado e sensato. Aquilo que ficou conhecido como MCU (Marvel Cinematic Universe). A interacção pareceu-me perfeita. Eles faziam os filmes e eu deliciava-me com os mesmos. Isto decorreu pelo que foi denominado por fases. As 4 primeiras atingiram-me os nervos certos e agarraram-me de tal maneira que mormente uma falha aqui ou ali, não me predispus a matar o amor que lhes tive. Foi uma espécie de idílio, até a DISNEY flectir os músculos financeiros que arrebanhou sabe-se lá como, e começar a comprar tudo o que faz um '