Avançar para o conteúdo principal

Ser Terrorista (sem querer) estraga-me os Festivais literários.


Acabei por estragar tudo cá dentro quando me apercebi, cheio de certezas, de que somos todos gomos! - Leram bem. - Não disse: "Somos todos Gnomos, mas sim, somos todos gomos."
E somos!
Na Segunda-Feira li, com grande agrado vingativo, o maravilhoso artigo da Joana Emídio Marques, no Observador: "Para que(m) serve um Festival Literário?", na Terça, morrem 34 pessoas na Bélgica, vítimas de mais um (bocejo) ataque terrorista...
Esperem, não me entreguem já à bigorna da discórdia ou do repúdio generalizado. Há um sentido nisto tudo.
Não sou, nem nunca fui muito de afirmações ajuizadas ou ditas "politicamente correctas", ao contrário de uma grande e alarmante maioria, gosto de usar a tola para pensamentos profundos, ilações, preposições, enfim, tento utilizar a única coisa anatómica de jeito que possuo para discernir melhor o que me rodeia, o que me acontece a mim e aos outros, para existir, sem parecer só estar a passar por aqui como observador.
A meu ver, tal como este e outros atentados anteriores, o artigo da Joana é uma bem estruturada falácia. Sim, morrem pessoas e existe um enorme receio de implosão deste aberrante sistema que ninguém parece muito bem questionar a sério, é certo que tudo isto é absurdamente terrível, a morte indiscriminada e irracional, sempre o é. Porém, tal como a alusão conjunta desta pequena peça que aqui vos deixo, o termo comparativo exuma uma condição, morta à nascença, e que por isso, ninguém parece bem abordar: a exclusão!
Ninguém, excepto a Joana Emídio Marques, que, por andar bem juntinha lá nesse meio dos potenciais "vultos" literários do futuro luso, sabe bem daquilo que fala. - É um caldeirão cheio de frustrados sem sentido. Sem sentido, porque são todos tão bons, todavia atiram-se contra o sistema, querendo desesperadamente fazer dele parte. (alguns até já o fazem) - Começam a ver aqui a realidade da comparação a avolumar-se?
Ora, também gostaria de ser mencionado em meio a essa muralha de gente proponente. Pois claro! Eu escrevo e publico e sabem tantos sobre mim quantos os que compreendem a política portuguesa. Que são tantos quantos os que sabem correctamente desossar uma galinha. - Não se produzem assim tantos falecidos por aqui, mas, advirto-vos que isto é uma arrazia. E a Joana sabe-o. É o absoluto terror!
Tudo é uma questão de se conseguir o palco certo para exprimir a "performance" de uma vida. - Eu, a escrever aqui neste tugúrio nunca irei a lado nenhum, ela, por seu turno, e quase sem querer, criou algumas ondas de choque, tais, que chegou a haver quem lhe respondesse.
Emídio Marques é uma "terrorista" quanto baste, basta lê-la e encontrar paralelismos com a realidade. Estão lá todos, como para o ISIS está o Ocidente em peso e os países mais fortes da Península Arábica a financiar-lhes as actividades. A exclusão não resulta, ou resulta nisto; frustrados muito bem financiados e fortes, que não se inibem de existir nas nossas caras, nos nossos mortos. 
Por isso chamo mentira às mortes que vimos assistindo. Porque foram causadas por quem as assiste e até as condena publicamente, pedindo união. Como chamarei aos cientistas que nos sonegam a cura do cancro, porque é financeiramente inconveniente para alguns, como também as guerras que persistem, o artigo da Joana e este texto global, é tudo igual. Uma verdade que é dita tão devagar, que ninguém, neste tempo iminentemente tão rápido, parece acreditar realmente.
Depois disto, nunca fui e certamente nunca serei convidado para comparecer em algum dos mais de 30 festivais literários nacionais. Está bem suponho. Quem escreve estas coisas promove o terror e não merece mais que o opróbrio de todos.
Vivam os inadaptados que não se conformam ao silêncio, verdadeiro ou feito de outros interesses que todos os nomes mencionados em artigo público possam vir a financiar.  - Ai que inveja!

Para que(m) serve um Festival Literário?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...

Acerca de Anderson's...

Hollywood é um gigantesco cadinho demente de fumos e fogos fátuos. Ali se fundem todos os sonhos e pesadelos possíveis de se imaginar.  Senão, atentem, como mero exercício, neste trio de realizadores, que, por falta de melhor expressão que defina o interesse ou a natureza relevante deste post, decidi chamar-lhes apenas de os " Anderson's ". Cada um mais díspar que o outro, e contudo, todos " Anderson's ", e abundantemente prolíficos e criativos dentro dos seus géneros. Acho fascinante, daí querer escrever sobre eles e, no mais comum torpe da embriaguez, tentar encontrar alguma similitude entre eles, além do apelido; " Anderson ". Começarei por ordem prima de grandeza, na minha opinião, e é esta que para aqui interessa, não fosse este um blogue intrinsecamente pessoal onde explano tudo e mais qualquer coisa que me apeteça. Sendo assim, a ordem será do melhor para o pior destes " Anderson's ".  O melhor : Wes Anderson .  O do meio : Pau...

O discurso do Corvo.

Eis-me aqui, ainda integralmente vivo e teu, voo ao acaso, sem saber por quem voar, por sobre rostos de carne, palha e infinito. Trago as mãos feitas num espesso breu, toldadas pela sede de te possuir e de te dar, o ténue silêncio, que é tudo aquilo qu'eu permito. As palavras, quando são poucas, sabem melhor, dizem tudo melhor, se forem poupadas. Abre os braços então, e recebe-as em teu seio, a secura desta terra já consome o sangue do meu terror. Já falei, e agora vou voar num céu de pequenos nadas, disperso no bando obscuro, mesmo lá no meio. De modo que, apesar da lucidez dos meus instantes, continuo sempre algures, no longo espaço que nos envolve. Nada temas destas mãos de cinza que já não tem dedos por onde arder, Eis-me para sempre, nos interstícios perdidos e distantes, desta paixão que é dada, e que não se devolve, e que é minha e tua, porque assim tinha de ser! Casimiro Teixeira 2012