Ninguém esperaria unhas afiadas ao fumar o póstumo cigarro. Alguém deixaria escapar esse fumo pela fenda dentária recém construída e cara, tão cara que nunca mais admitiria fumo algum desse mesmo sorriso endireitado? Não! Claro que não.
Todos esperariam, devidamente empoleirados nas suas próprias claridades, o bom juízo, a exponência última, o compadecimento de coração constrangido face aos primeiros sinais de demência.
Daquele sorriso sempre aberto para um descampado de afectos. Onde todos, onde todos rumam abraçados para os outros, num velhaco compadrio de penas e solidariedade.
Sim, é assim, uma luta desenfreada pelo conforto dos vícios. E os vícios exibem os sinais de desgraça quando sorriem demasiado, e não conheço ninguém entre estes, porque na verdade, já não os conhecia antes de me deixarem só nesta faceta de quem se
preparou para se despojar de tudo.
Estou só, é certo! Desde a lata do café até ao bojo da sanita. E quis enlouquecer, assim, desta forma tão difícil
E quis querer ser só, só porque a solidão não me confronta, não me pede explicações, e porque também os participantes da minha vida, vivem as suas próprias vidas e não estão para isto. Para esta concentração egoísta do Cidadão Miro, que, seja como for, não se preocupa com mais ninguém além de si mesmo.
- É uma existência tão igual a todas as outras que me aflige por falta de originalidade. - Terei de ser mais altruísta para parecer diferente? - Vou fumar o último cigarro outra vez.
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