Avançar para o conteúdo principal

Cat attack


1.

Trazer para dentro de casa pequenos animais mortos, e depois prostrá-los cerimoniosamente defronte de si, não é dádiva alguma mas sim um aviso.

2.

Esgravatar com acessos de fúria excessiva o contentor de areia / receptáculo de dejectos. Depois de satisfeitas as devidas necessidades fisiológicas, o seu gato, num aparentemente inexplicável frenesi, escamoteia, muitas vezes com as patas traseiras, e em casos mais extremos de ira com todas as 4 patas, a areia do digno W.C. que lhe fornecemos, acabando por espalhá-la para fora do dito recipiente e em seu redor. Isto é comportamento textual de quem se treina para enterrar corpos.

3.

Demonstrações absurdas de carência. Isto poderá confundi-lo, parecendo-lhe serem claros sinais de afecto, quando na realidade se trata de uma avaliação minuciosa que o seu gato lhe vai fazendo à óbvia fraqueza dos seus orgãos internos. O seu descanso, com a evidência de um gato sobre o seu peito ou barriga estará continuamente equiparado àquele que obteria durante a emergência de um apocalipse Zombie, e ele está seguro disso.

4.

Ocultar-se em locais recônditos e obscuros sem nunca desviar a atenção de si. É muito comum o seu gato comportar-se deste modo, com efeito, a sua real intenção é a de o observar, exaustivamente, analisando o seu comportamento natural. Quando começar a fazer sons ridículos e a proferir as vulgares onomatopeias de embevecimento, o bichano aperceber-se-á logo que a sua hora final está próxima.

5.

Aquela espécie de "concurso do jogo do sério" que muitas vezes ele parece fazer consigo, não é motivo de riso fácil nem contêm nada de fofo e querido. Quando enredado neste dilema de vista fixa com o seu gato, nunca, por nada deste mundo tente desviar o olhar. Ao fazê-lo, vai imediatamente despoletar uma conclusão de fraqueza da sua parte perante o felino, e um ataque iminente poderá seguir-se.

6.

Acenda a sua atenção mais extrema quando o seu gato irrompe pela divisão da casa onde se encontra, a uma velocidade que lhe pareça próxima da da luz. 9 em cada 10 casos, trata-se de alguma emboscada falhada do seu animal de estimação e não um potencial "post" de sucesso no Facebook.

7.

Tocar-lhe no rosto com as patas enquanto você dorme. Ao contrário dos seus parentes mais volumosos e agressivos, como sejam: Leões, Tigres, Leopardos, Pumas... os gatos domésticos não aparecem em programas do National Geographic, do género "A Semana do Tigre" ou "Quando os leões enlouquecem e perdem a compostura da Juba", mas nada os impede de o tentarem. Tente dormir com um olho sempre aberto.

8.

Erradamente se fazem julgamentos sobre a opção dos gatos dormirem em cima dos nossos equipamentos electrónicos, vulgo; teclados de portáteis, caixas da TV Cabo ou mesmo tablets e smartphones recentemente utilizados, como se este comportamento estivesse associado ao calor residual que estes equipamentos emitem. Nada poderá estar mais longe da verdade. Tudo isto refere-se à sua acção concertada de interromper deliberadamente as suas comunicações com o mundo exterior. Os gatos não querem ser interrompidos quando estiverem prestes a acabar consigo.


AGORA, DEPOIS DESTAS DICAS, ACAUTELEM-SE, POIS ESTA CRIATURA DE APARÊNCIA INOCENTE, FOI A MAIS PERFEITA ARMA QUE A NATUREZA DECIDIU CRIAR PARA A NOSSA EXTINÇÃO DEFINITIVA.

GATO BELCHIOR, PRESTES A ATACAR-ME FATALMENTE.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...

Acerca de Anderson's...

Hollywood é um gigantesco cadinho demente de fumos e fogos fátuos. Ali se fundem todos os sonhos e pesadelos possíveis de se imaginar.  Senão, atentem, como mero exercício, neste trio de realizadores, que, por falta de melhor expressão que defina o interesse ou a natureza relevante deste post, decidi chamar-lhes apenas de os " Anderson's ". Cada um mais díspar que o outro, e contudo, todos " Anderson's ", e abundantemente prolíficos e criativos dentro dos seus géneros. Acho fascinante, daí querer escrever sobre eles e, no mais comum torpe da embriaguez, tentar encontrar alguma similitude entre eles, além do apelido; " Anderson ". Começarei por ordem prima de grandeza, na minha opinião, e é esta que para aqui interessa, não fosse este um blogue intrinsecamente pessoal onde explano tudo e mais qualquer coisa que me apeteça. Sendo assim, a ordem será do melhor para o pior destes " Anderson's ".  O melhor : Wes Anderson .  O do meio : Pau...

O discurso do Corvo.

Eis-me aqui, ainda integralmente vivo e teu, voo ao acaso, sem saber por quem voar, por sobre rostos de carne, palha e infinito. Trago as mãos feitas num espesso breu, toldadas pela sede de te possuir e de te dar, o ténue silêncio, que é tudo aquilo qu'eu permito. As palavras, quando são poucas, sabem melhor, dizem tudo melhor, se forem poupadas. Abre os braços então, e recebe-as em teu seio, a secura desta terra já consome o sangue do meu terror. Já falei, e agora vou voar num céu de pequenos nadas, disperso no bando obscuro, mesmo lá no meio. De modo que, apesar da lucidez dos meus instantes, continuo sempre algures, no longo espaço que nos envolve. Nada temas destas mãos de cinza que já não tem dedos por onde arder, Eis-me para sempre, nos interstícios perdidos e distantes, desta paixão que é dada, e que não se devolve, e que é minha e tua, porque assim tinha de ser! Casimiro Teixeira 2012