Avançar para o conteúdo principal

Marcar possíveis encontros


Um destes dias haverão possíveis.
Não sei se pelo chão de urtigas,
se pelo perfume dominante das frésias,
certamente que pelo miar arrulhado do gato,
já farto de tanto tomar conta de mim.
Acredito num chão aqui por baixo,
uma confiança transmitida pela terra ensopada em lágrimas.
Ah!
Um dia destes caí do chão de tanto olhar para o céu.
Nesse dia fazia voos rasantes pela copa das flores disponíveis,
voava para aqui e para ali, como uma abelha louca,
possível só de existir em meio à devastação.
Nem percebi se foi a saliva, que me saía em ebulição,
da boca,
ou o milagre das palavras do meu punho,
sei que, nunca uma ferida sarou tão rápido.
O dia chamava-se “redenção”.
E foi, um legado quase precioso. Tinha por hábito nomeá-los a todos,
a morte e os dias, os dias e a vida, a morte e a vida, todos os dias
e nenhum especial que me trouxesse possibilidades,
além dessas, não me lembro, perdi-as.
Calhou só de ser um dia que já tinha conhecido.
Já nem os contava pelos dedos. 
Todos os dias eram chãos diferentes,
que bem poderiam ser areia de gato,
ou o perfume preponderante dos meus medos.
Ah!
Pensar em possíveis como quem só mente,
e escreve mentiras em vez de verdades.
Não foi, tocou-me aquele dia exacto,
sabes, aquele dia em que tudo sentes?
Foi assim,
e tudo resto desabou em diante,
como a derrocada inglória que nos caminha até ao fim.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...

Acerca de Anderson's...

Hollywood é um gigantesco cadinho demente de fumos e fogos fátuos. Ali se fundem todos os sonhos e pesadelos possíveis de se imaginar.  Senão, atentem, como mero exercício, neste trio de realizadores, que, por falta de melhor expressão que defina o interesse ou a natureza relevante deste post, decidi chamar-lhes apenas de os " Anderson's ". Cada um mais díspar que o outro, e contudo, todos " Anderson's ", e abundantemente prolíficos e criativos dentro dos seus géneros. Acho fascinante, daí querer escrever sobre eles e, no mais comum torpe da embriaguez, tentar encontrar alguma similitude entre eles, além do apelido; " Anderson ". Começarei por ordem prima de grandeza, na minha opinião, e é esta que para aqui interessa, não fosse este um blogue intrinsecamente pessoal onde explano tudo e mais qualquer coisa que me apeteça. Sendo assim, a ordem será do melhor para o pior destes " Anderson's ".  O melhor : Wes Anderson .  O do meio : Pau...