Não retorno,
ao percurso direito dos nossos caminhos,
ao abrigo quente das nossas palavras desavindas.
É o meu encontro diário, sem endereço,
que neste peito os dias não se amarram com cordelinhos.
Andam soltos,
quais aves livres de distantes prisões infindas,
poisadas no desvelo com que te meço.
Não regresso,
às marcas tristes da minha distância,
a lonjura pesa-me na alma, mais que o mundo inteiro,
e só quero voltar a adormecer em teus braços,
naquele nosso amor anoitecido.
Secretamente, não ponho um fim nesta errância,
de vagabundo, fugitivo de qualquer brilho mais caseiro.
Sim! Não quero voltar,
ao mais perfeito momento,
da mais perfeita loucura.
Apetece-me esquecer o meu nome, e escrever para sempre "nós" e "fugir" e "amar"
e relegar todas as pedras que não me fazem ser uma casa,
todos os livros com palavras não desfolhadas,
todas as mulheres que me envenenaram devagar.
Cansei-me de golpes talhados em pó,
de trazer a língua arrastada pelo chão.
Traduzo silêncios agora,
não ouço, não te escrevo, não penso,
nem falo sequer.
Assim, quero edificar-me de incógnitas,
que agora, só o teu nome me serve de alimento,
a solidão, meu amor, é uma coisa de morte, que perdura,
e os homens não foram feitos para morrer sós,
na espera de encontros que ficam por fazer,
numa súbita lentidão de maus enganos.
2012
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