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E o burro sou eu?

Pesam-me sempre mais as questões que são do foro daquilo que não compreendo, já desde pequenino que sou assim. Ele é a razão de ser do Facebook, a dominância mundial alemã, a coerência das tribos modernas ou os genocídios. Havia de ter vários graus de incompreensão interior, para não misturar águas pesadas com outros ares mais leves, todavia, cá por dentro, o rebuliço é igual.
Os mais chegados, dizem-me que isto é sinal de inteligência cognitiva, o meu pathos. Estou inclinado a concordar. Apesar de nunca procurar o pragmatismo concreto (nunca tive queda para os números) padeço desta insistente mobilidade interior de querer saber o que ainda não percebo, o que é novo. 
Outros, remetem-me uma explicação muito mais simples e mundana, do tipo: "és mas é um chato do caraças! cala-te." - O que também tem a sua ponta de verdade, pois inclui-se no mesmo absurdo da minha paixão ser assim. E também, porque a grande maioria das coisas que eu ainda não percebo, conquanto vasta e quase impossível de alcançar, acaba por se tornar diminuta, quando a premissa inicial é a insistência em tentar percebê-las. Como não avanço nem recuo em certas coisas, e sobretudo, como sou teimoso e não desisto, transformo-me realmente numa criatura maçadora, e chata como o caraças, porque acabo por não sair dos mesmos assuntos de sempre. logo, o que é novo e ainda incompreensível para mim, cedo se torna "velho" arrombando todo o conceito filosófico do pathos. Enquanto estiver assim encravado, com o peso daquilo que ainda não compreendo, não há nada que me pique o suficiente para andar em frente. Se calhar sou é burro.

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